Evento

Haja coração…

O reencontro de amigos irá esquentar a tarde do próximo sábado no Bar do Marcinho, em Macacos

Por Raimundo Couto
Publicado em 30 de abril de 2024 | 17:47
 
 
 
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Celebrar a vida, brindar a saúde e eternizar a amizade. É esta intenção de um grupo de amigos que no próximo sábado, dia 04 de maio, vão se encontrar em Macacos, no tradicional bar do Marcinho, para mais uma grande confraternização. Este será o segundo encontro de muitos que virão pela frente e que teve início no ano passado por ocasião do aniversário de 45 anos da equipe de enduro Sol e Trail. Marcada por sua irreverência e alegria nas provas de enduro por muitos anos, a equipe tem espaço reservado na lembrança coletiva dos que viveram aqueles tempos. Reunir, depois de décadas, tantos amigos com a mesma afinidade e paixão pelas duas rodas, marcou aquele fim de semana para sempre e acendeu a luz da saudade. Na impossibilidade de publicar o depoimento de todos os membros do grupo formado no Whatsapp composto por 188 participantes, nossa reportagem teve a oportunidade de conversar com três personagens que vivenciaram toda essa jornada, Marão, um mais dos antigos praticantes da modalidade, Luiz Matos Vianey, o carismático Rato, que esteve presente na fundação da equipe e Duílio Dinardi, também um dos pioneiros do esporte em Minas.

O decano Marão, habilidade nas mãos e no guidom

Se neste universo do enduro e das motocicletas, alguém procurar pelo Dr. Mário Ferreira Maciel, conhecido e bem sucedido cirurgião dentista, que de segunda a sexta se veste de branco e passa o dia atendendo em seu consultório é provável que poucas pessoas ligarão o nome à pessoa. Mas se estes mesmos interlocutores mencionarem o nome Marão, a unanimidade se fará presente. E nem tem como ser diferente. O veterano piloto não passa incólume com mais de 1,80 de altura, forte e com timbre alto de voz, o esportista fez e ainda faz história no esporte. Mas ninguém melhor que ele próprio para nos contar toda essa saga ao longo da vida. E fez questão de frisar a este repórter: “Coloca lá que tenho 84 anos, ainda trabalho e continuo andando de moto”.

O dono da história

Nosso personagem começa narrando como o motociclismo entrou em sua vida. “Acredito que o interesse tenha começado desde criança, quando ouvia o barulho de uma moto e sentia o cheiro da gasolina, pedia ao piloto quando era alguém conhecido para dar uma volta comigo na garupa. Com o passar dos anos essa paixão foi só aumentando, mas só tive mesmo condição de comprar minha primeira motocicleta aos 35 anos de idade. Foi uma Suzuki de 250 cilindradas, amarela, desta para uma Honda 750 Four, também amarela e depois para uma Honda Gold Wing 1.000, da mesma cor, que viajei pelo Brasil com minha namorada que hoje é minha esposa”, revela, saudoso, nosso entrevistado.

Da estrada para as trilhas

Depois de rodar muito pelo asfalto Paulo Henrique o PH, um amigo que já fazia trilhas, o convenceu a acompanha-lo e para isso comprou uma Honda XL 250. E daí em diante para as competições foi um pulo. “Apaixonei pelo trail e nunca mais deixei de desbravar caminhos e interpretar planilhas. Em meu currículo em provas de enduros, tenho cerca de 400 troféus, ganhei vários campeonatos mineiros e também quatro Independências, na minha categoria”, relembra. Marão dá uma dica importante aos jovens: se hoje está saudável ele deve muito à prática do esporte. “Para ter boas condições de competir é preciso estar preparado fisicamente, só na academia Corpore fiquei 22 anos ininterruptos. Outra coisa que gostaria de deixar registrado é o bem que faz às amizades conquistadas nestes anos tantos, de muitas provas, viagens e companheirismo, se pudesse resumir tudo isso em um sentimento, seria o orgulho de ter participado de tudo isso” encerra, emocionado.  

 De irmaõ para irmão

Arquivo Pessoal/Divulgação

Nosso próximo entrevistado é o empresário Luiz Antônio Teixeira de Matos, 63 anos, que também atende pelo apelido de Rato, alcunha que doravante vamos tratá-lo. Antes de lhe dar a palavra é importante frisar que foi através de seu irmão, o saudoso Márcio Vianey, piloto pioneiro e com títulos de campeão em muitas provas, que se deu o inicio de sua história no esporte e nas competições. “Comecei na equipe Sol & Trail desde o começo com o Luiz Marcos Martins, o Lulu Burro Bravo, como Presidente e o Márcio Vianey como Vice-Presidente. Em todos os primeiros enduros eu era o apoio e também mecânico deles. Até que conseguir comprar a minha moto de trilha, aí foi só alegria.”, começa sua narrativa.

Causos e causos

Rato nos conta de algumas provas que participou entre elas uma em Patos de Minas. “Eu era o mais novo da turma e conhecido como o mascote da Sol & Trail, equipe que tinha até um bem montado ônibus, onde, além dos amigos, iam as motos, ferramentas e peças de reposição. Lembro que fomos tomado vinho daqui até Patos, claro, só os que não iriam dividir a direção. O resultado foi um porre daqueles e no outro dia antes da  largada, não estava aguentando a ressaca e o calor, tirei capacete e chamei o Juca ali mesmo” relembra. O primeiro Enduro Noturno fez com seu irmão Vianey e o Independência de 1985 com o amigo Marinho Romanhol, Rato revela que foram os últimos a largar, já que formavam a dupla de número 320.     

Quase camepão

Uma boa história vivida pelo empresário e que vale a pena ser contata aconteceu durante uma prova que a Pizzaria Fox promoveu e teve como organizador o conhecido e experiente Helder Renan Rabelo. “Fiz a prova toda redondinha, no maior cuidado para não perder muitos pontos, tudo estava indo bem, já sentia o gosto da vitória até que, chegando a Belo Horizonte, descendo pelo bairro Santa Lúcia, me encaminhado para o ponto da chegada que seria na Fox que ficava na Avenida Prudente de Morais, o Helder estava escondido em uma casa observando os pilotos e tomei uma punição por estar três minutos adiantados, perdi a prova”, nos conta dando risadas com saudade daqueles tempos. “Hoje ando de Big Trail e o motociclismo me deu Vida. Por isso que começamos essa festa da Sol & Trail, para matar a saudade dos velhos amigos. Tantos casos que ficaria aqui o dia inteiro contando”, nos revela um dos integrantes da equipe.

Duílio Dinardi, o “Dudu Bate Kombi”

E para encerrar esta viagem pelo tempo, contando algumas histórias que dão o verdadeiro sentido ao encontro que se avizinha, conversamos com o empresário Duílio Dinardi, um dos pioneiros e responsáveis pela introdução do enduro de competição em Minas. “Comecei a fazer trail em 1980 e participei de muitas coisas interessantes, junto ao começo do Trail Clube, muitos amigos, viagens e claro, boas farras. E um dos casos mais interessantes foi quando aconteceu o I Enduro Noturno, em 1982, prova que fiz dupla com o Gilberto Canaã. O roteiro era ir para Sabará, Santa Bárbara e retornar a Belo Horizonte, tudo durante a madrugada, lembro que já eram quase seis horas da manhã, o dia clareando e eu navegando, olhando a planilha e quando levando a cabeça, dou de frente com uma Kombi, não deu outra, não machuquei, mas a moto empenou e foi o fim da prova para mim. O engraçado do episódio foi que no dia da entrega da premiação, ganhei do Andre Mascarenhas e do Gilberto Canaã o troféu Dudu Bate Kombi.” Lembra bem humorado a irreverência dos amigos.

Enduro da Independência

Outra boa lembrança do empresário foi quando teve participação efetiva como um dos organizadores da mais importante prova do Brasil, o Enduro da Independência, nas primeiras edições. “Era o responsável pela apuração e assim que os pilotos largavam, saiamos cedo para determinados trechos, e onde a turma parava nos neutralizados, eu começa recolhia as fichas dos PCs. E isso demorava o dia todo, de volta ao hotel organizava este material recolhido e por volta das três da madrugada, pegava o carro e vinha para Belo horizonte, levar tudo para uma empresa de informática, na Savassi, para fazer a apuração. E assim durante toda a longa prova. Assim foi até a terceira edição do  enduro, quando tudo começou a automatizar e esta tarefa ficou menos trabalhosa”, termina o simpático Dudu Bate Kombi.

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