Um estudo da Fundação Itaú divulgado nesta semana revela que menos da metade dos estudantes brasileiros conclui o ensino médio na idade correta, 18 anos.
Evasão, abandono e reprovação estão entre os principais motivos que levam 59% dos jovens a não concluir a educação básica dentro do tempo previsto.
A irregularidade na trajetória escolar é um problema que tem recortes socioeconômicos e raciais. Suas consequências são extremamente negativas para a formação dos indivíduos e da sociedade.
A maioria dos alunos que concluem o ensino médio na idade correta é branca, com 53% de regularidade, seguida por pretos e pardos, com 31% e 36%, respectivamente, e então pelos indígenas, com apenas 17% de regularidade. A renda familiar também é preponderante na trajetória dos alunos, o que é indicado pelo percentual de 60% dos alunos das classes socioeconômicas mais altas que concluem o ensino médio na idade correta.
O atraso na vida escolar fere o direito constitucional à educação e prejudica a mobilidade social, exigindo do Estado intervenção prática por meio de ações governamentais para combater o problema.
Um estudo do Banco Central aponta que um trabalhador com ensino fundamental tem rendimento médio por hora 38% maior do que o de um empregado sem instrução. Percentual que sobe para 66% no caso de ter completado o ensino médio e para 243% se tiver diploma de ensino superior.
A baixa produtividade coloca o país nos últimos lugares em competitividade no mundo, com um terço da pontuação dos países mais bem colocados, segundo o ranking World Talent publicado no ano passado.
Programas como o Pé-de-Meia, do governo federal, têm o objetivo de combater a irregularidade escolar ao conceder bolsas a alunos de baixa renda que concluírem o ensino médio. Minas Gerais oficializou a adesão ao benefício ontem.
Ao lado de políticas como essa, é necessário investimento contínuo em educação. Se o Brasil quer crescer e competir no mercado global, precisa manter os jovens na escola e, principalmente, educá-los com qualidade.