Caso Marielle

Defesa pede saída da relatora no processo que pode cassar mandato de Brazão

Os advogados de Chiquinho Brazão, suspeito de ser um dos mandantes da morte de Marielle Franco, questionaram a parcialidade de Jack Rocha como relatora no Conselho de Ética

Por Lucyenne Landim
Publicado em 03 de maio de 2024 | 09:10
 
 
 
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A defesa do deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ) pediu a troca da relatoria do processo que pode cassá-lo no Conselho de Ética da Câmara, a partir de um novo sorteio de relatores. Os advogados usaram uma publicação da deputada Jack Rocha (PT-ES) em uma rede social para para questionar a imparcialidade dela como relatora. Brazão é suspeito de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco.

No post, feito em 27 de março, Jack Rocha exibiu placas com o termo "Brazão na prisão!" e cobrou a Câmara dos Deputados por ainda não ter entregue a ação do PSOL com o pedido de cassação do mandato de Brazão, protocolada em 24 de março. "Há elementos incontroversos da sua ausência de imparcialidade para figurar como relatora deste procedimento", diz a defesa no pedido protocolado em 29 de abril.

"Não se fala em ausência de imparcialidade por ter a eminente Relatora votado a favor da legalidade da prisão do Postulante, evidentemente porque tal circunstância, de maneira isolada, não seria capaz de comprometer a sua imparcialidade", diz a peça. "Veja-se, bem assim, que a Deputada Relatora externalizou posicionamento muito claro e deixou transparecer não apenas a sua inclinação à cassação do Postulante, como também a necessidade de que isso se dê celeremente", acrescenta sobre o post feito por Jack Rocha.

Segundo a defesa, não se trata de "de mero comprometimento ideológico-partidário, mas de prévia disposição a cassar o mandato" de Brazão, "o que lhe retira a imparcialidade necessária para relatar o caso". ""abe dizer que a prévia inclinação à cassação do mandato do Postulante indica a possibilidade de haver prejuízo ao próprio direito de defesa", frisa.

"Se apenas as diligências compreendidas como necessárias serão providenciadas, a prévia externalização de posição contrária ao Deputado representado e, consequentemente, a prévia formação da convicção são circunstâncias que indicam, com razoável grau de certeza, o abreviamento do processo com o fim de formalizar um entendimento já sedimentado", completa.

Jack Rocha foi definida relatora do processo de cassação de Brazão no Conselho de Ética após uma série de recusas e desistências. Foram sete nomes sorteados no total. No pedido de cassação, o PSOL alega que Brazão "é apontado como autor intelectual da morte da vereadora" e "desonrou o cargo para o qual foi eleito". 

"A sua cassação é uma necessidade: a cada dia que o Representado [Brazão] continua como Deputado Federal, é mais um dia de mácula e de mancha na história desta Câmara. Sua cassação é impositiva: para evitar que ele utilize do cargo para obstruir a justiça - impedindo, assim, o cometimento de outros crimes", acrescenta o PSOL. O partido alega, ainda, que a presença do deputado "é uma vergonha" para a Câmara.

Chiquinho Brazão foi preso em 24 de março. Ele e seu irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Brazão, são suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle, em 2018. O motorista dela, Anderson Gomes, foi morto na mesma ocasião. Também foi preso o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa.

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