Tensão por juros

Lula volta a criticar Campos Neto e cita 'paciência' para troca no comando do BC

'Quem já conviveu com Roberto Campos Neto 1 ano e 4 meses não tem nenhum problema viver mais seis meses', disse o petista, que só poderá trocar o presidente do BC em dezembro

Por Lucyenne Landim
Publicado em 23 de abril de 2024 | 13:57
 
 
 
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retomou, nesta terça-feira (23), as críticas que faz ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. "Quem já conviveu com Roberto Campos Neto 1 ano e 4 meses não tem nenhum problema viver mais seis meses", disse Lula em café da manhã com jornalistas. "Eu tenho toda paciência do mundo porque eu tenho que esperar até dezembro para mudar o BC", completou.

Os dois têm embates desde o início do governo por conta da taxa de juros, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e que é comandado por Campos Neto. Atualmente, o índice está em 10,75%. No início do ano passada, quando Lula assumiu seu mandato, era de 13,75%.

Campos Neto foi indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem Lula é opositor, inclusive, da política monetária. Ele só poderá trocar o presidente do BC no final de dezembro, ao fim do mandato de Campos Neto e depois de dois anos de seu governo. O petista contou que ainda não sabe se fará sua indicação antes ou apenas perto do prazo final.

"O que eu espero é que o Roberto Campos leve em conta que o Brasil não corre nenhum risco", disse Lula, em nova crítica à taxa de juros nesta terça-feira. "O que nós precisamos é que as pessoas preocupadas com o mercado tenham responsabilidade com esse país", disse.

"Esse país não pode ficar todo dia tomando susto de que o mercado não gostou disso ou daquilo. O mercado está ganhando muito dinheiro com essa taxa de juros. Isso é que tem que ficar claro para a sociedade. E o presidente do BC tem que saber que quem perde dinheiro com essa taxa de juros alta é o povo brasileiro, é o empresário brasileiro que não consegue depois investir. É isso que está em jogo", acrescentou.

O presidente citou que a dívida pública bruta do Brasil equivale a 74,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e é muito menor do que o de países que "banqueiros" têm como modelo, como Itália, França e Estados Unidos, que ultrapassam o índice de 110%.

"Nós demos cidadania a esse país. Nós pagamos uma dívida externa de US$ 30 bilhões. Depois que nós pagamos, nós emprestamos US$ 15 bilhões para o FMI [Fundo Monetário Internacional], eles agora que nos devem. E fizemos uma reserva internacional de US$ 370 bilhões criando o mais importante colchão de proteção que esse país já teve. Então qual é a preocupação do presidente do BC com o descontrole da economia? Nenhuma. Existem pouquíssimos países mais seguros do que o Brasil", declarou.

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