PAULO NAVARRO

O Homem Minas

Entrevista com Carlos Henrique Martins Teixeira

Por Paulo Navarro
Publicado em 22 de maio de 2023 | 03:00
 
 
 
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Um belo dia, tipo 10 de dezembro de 1967, Carlos Henrique Martins Teixeira, mesmo sem escolha, resolveu nascer em Belo Horizonte. Três anos depois, ele já era sócio do Minas Tênis Clube, com certeza, por vontade dos pais. E Carlos cresceu. Estudou no Colégio Loyola, formou-se advogado pela UFMG, e o Minas continuava correndo em suas veias. Muitos anos depois, casou-se com Thereza Cristina de Castro Martins. Resultado feliz: Pedro Henrique, 23 anos, e Victoria, 20. “A típica família minastenista: nosso lugar preferido para estarmos juntos é no clube; fazemos tudo nas unidades”. Faixa preta em judô, ex-atleta deste nobre esporte, diretor do clube desde 2003 e vice-presidente do Minas, na gestão de Ricardo Vieira Santiago, nos triênios 2017/2019 e 2020/2022. Agora, em outro belo dia, Carlos abraçou o grande desafio, a enorme honra de assumir a presidência do Minas Tênis Clube 2023/2025. O que desejamos a ele? Sorte, não precisa. Coragem, muito menos. Então, que seus belos dias não sejam imortais, posto que chamas. Mas que sejam infinitos enquanto durem.

Carlos, quantos anos de “praia” no Minas Tênis Clube?
Gosto de falar que a minha trajetória no Minas se confunde com minha trajetória de vida. Sou um típico minastenista apaixonado por esse Clube. Desde os meus três anos. Mais de cinco décadas de admiração, dedicação e orgulho! Frequentei as escolas de formação esportiva, fui atleta, conselheiro, diretor e presidente, sempre um sócio frequente.

Por falar em mar, o Minas é a praia de BH?
Espaço de união, alegria e descontração. A família minastenista é prioridade no planejamento do clube, em lazer, eventos, entretenimento e práticas esportivas recreativas, para os mais de 80 mil associados. Educação esportiva, cidadã e atividades culturais. O Minas, sem modéstia, é mais que uma “praia”, é uma instituição voltada para o bem-estar da família e da sociedade.

Por que sua família é a típica família minastenista?
Com meus filhos e esposa, passo os momentos em família dentro das unidades. Como os associados fazem com seus familiares e amigos. Meus filhos também foram atletas do clube, mantendo uma história de tradição minastenista.

Além da família, qual a frequência nas unidades do Minas?
Média de mais de 3 milhões de acessos anuais nas nossas três unidades em Belo Horizonte (Minas 1, Minas 2 e Minas Country).

Você é ex-aluno do Colégio Loyola. Naquela época, o Minas já era um complemento social e esportivo?
Com certeza, dentro do Minas fiz amigos para a vida toda. E no esporte, que está no DNA do clube, além de atleta, me formei cidadão. O judô me ensinou disciplina, perseverança, paciência, garra, trabalho em equipe e o respeito às pessoas. O clube complementava a educação formal recebida no Loyola, trazendo o componente da convivência esportiva com as amizades que duram toda a vida. Exemplo disso são amigos diretores, como Ricardo Santiago e Paulo Fernando. Nos conhecemos desde criança, cada um na sua modalidade esportiva.

Você também é faixa preta em judô. Como vai esse esporte no Minas?
Referência nacional, formando atletas e pessoas de bem. Temos atletas e comissão técnica de ponta, o que mostra o nosso compromisso com o desenvolvimento do esporte brasileiro. Prova disso foram os três atletas minastenistas na disputa do Campeonato Mundial de Doha, no Catar, no início de maio, com a seleção brasileira.

Quem mais?
Temos nomes importantes no cenário nacional e internacional, como é o caso dos jovens Guilherme Schimidt, quarto melhor judoca do mundo na categoria até 81kg; e Gabriella Mantena e Amanda Lima, que estão despontando e são o futuro do Minas e do Time Brasil. Além disso, há quase 500 alunos que aprendem a modalidade dentro dos princípios salutares nos cursos de judô.

E os demais esportes? Quais as maiores contribuições do Minas para o esporte aqui?
O Minas é historicamente um celeiro de atletas. O esporte nacional é parte da história do Clube. Ainda em 1935, na fundação do Minas, a premissa do Estado de Minas Gerais ao ceder o terreno para os fundadores do clube era de que ali seriam fomentadas práticas de esporte e lazer. O que foi semeado ao longo da história continua germinando e criando frutos na atual gestão da instituição. Temos hoje mais de 800 atletas federados, atuação consolidada no cenário esportivo em nove modalidades, além de 26 cursos distribuídos nas áreas de formação esportiva e artística e academia, com mais de 20 mil alunos, entre crianças, jovens e adultos.

E no Brasil, logo, no mundo?
Diversos atletas formados pelo clube, ou que fazem parte de nossas equipes, vestem a camisa da seleção brasileira e representam bravamente o Brasil em variadas competições ao redor do mundo. Com um planejamento arrojado, o clube celebrou recentemente a participação de 11 dos seus principais atletas na Olimpíada de Tóquio 2020. Duas medalhistas de prata com a seleção de vôlei feminino, duas medalhas de bronze na natação, nossa melhor campanha em uma edição de Jogos Olímpicos.

Podemos ter aspirações olímpicas em Paris, no ano que vem?
Já iniciamos, dentro das nossas modalidades olímpicas, a contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, além de trabalhos de preparação com os atletas. Essa frente de trabalho é feita em parceria com a diretoria de esportes e as diretorias de cada modalidade, para que o nosso clube aumente sua representatividade e tenha resultados relevantes no maior evento esportivo do mundo.

Quais foram os aprendizados como diretor?
Inúmeros. Venho em uma trajetória exponencial de aprendizados, começando em 2003, quando assumi a diretoria de judô. Foi um grande orgulho estar à frente da minha modalidade de formação. Ao longo dos 13 anos no cargo, aprendi sobre liderança, planejamento e a equilibrar a sensibilidade advinda do judô com o pensamento prático.

E como vice-presidente?
Nos triênios 2017/2019 e 2020/2022, mandatos do presidente Ricardo Vieira Santiago, grande amigo e companheiro, desenvolvi ainda mais minhas habilidades em gestão ao me envolver diretamente nas diretrizes e estratégias institucionais, além das tomadas de decisões, sempre na perseverança de preservar o clube como uma instituição sólida, vívida e robusta. Sobretudo, o aprendizado maior é a paixão e o sentimento de gratidão que nos norteia a atuar positivamente, desenvolvendo o melhor.

E agora como presidente? Quais desafios e planos até 2025?
Nosso objetivo é manter a pujança do Minas. Vamos trabalhar para que a nossa instituição siga no topo como referência em gestão, em formação esportiva e cidadã e no cuidado com os minastenistas. E para isso, ouvir os associados é nossa prioridade. É importante termos relacionamento próximo e diálogo aberto com todos.

Todos, principalmente os sócios...
A máxima é: vamos ter escuta ativa. Para isso, é extremamente importante que os sócios participem ativamente das atividades, principalmente das pesquisas de satisfação, para seguirmos entregando um Minas cada dia melhor. Outra prioridade é a melhoria constante na infraestrutura, visando a comodidade e o atendimento.

Alguma prioridade?
O Minas 2 requer atenção especial. Recebemos muitos pedidos de melhorias e estamos empenhados em atender a todos. Destaco aqui a reforma da sala de musculação da academia, dando sinal de que a modernização da unidade está no planejamento.

E no Minas Náutico? Mar de almirante?
Também lá seguiremos os cronogramas do Plano Diretor, em sua fase 3, com o compromisso de entregar tudo o que está previsto dentro do prazo. O nosso Clube da Lagoa dos Ingleses será um grande centro de esporte e lazer para os sócios da região. Minas 1 e Country, nessa dicotomia entre urbano e campestre, também estão em fases de melhorias e, principalmente, manutenção.

Navegar é preciso. Governar, ainda mais?
Temos um diretor de planejamento e um assessor de compliance, essenciais na modernização organizacional do clube e com a transparência. Com trabalho em equipe e eficiência, o nosso crescimento empresarial acompanhará a potência institucional do nosso clube.

Algum ponto fraco na fortaleza?
A área de alimentos e bebidas, com certeza, é nosso principal desafio. Nosso compromisso é fazer melhorias e aumentar os índices de satisfação. O grande desafio é suprir as expectativas e necessidades dos mais de 80 mil associados que têm interesses, visões e estilos de vida diferentes. Trabalhar com essa diversidade será estimulante. Por isso reforço a importância da escuta ativa.

Quem é o primeiro da fila?
Começo pela educação. Nossa perspectiva é aumentar a oferta de turmas e de cursos, para atender especialmente quem está na fila de espera. No caso do esporte, seguiremos o trabalho de captação de patrocínio para as equipes de ponta e base, além das importantes parcerias com projetos incentivados. Na cultura, é uma grande satisfação dizer que, há quase um ano, o Centro Cultural Unimed-BH Minas está funcionando em sua totalidade.

Estamos esquecendo o principal, o lazer, o “descanso do guerreiro”.
Firmes no trabalho de disseminação da arte e da cultura, no lazer, nossa preocupação é proporcionar experiências positivas para os sócios de todas as idades, com diferentes atividades e fazer com que o Minas seja sempre um local de encontros, alegria e diversão. Isso é o que prezamos. Também vamos incentivar a parceria entre os pilares, de forma que tenhamos, como exemplo, cultura e lazer juntos ao esporte, e vice-versa.

A conversa foi boa, fluiu, informou, mas ficamos por aqui. Palavras finais?
Cuidaremos dos detalhes para que o associado perceba o zelo do clube em suas atividades. Faremos isso dentro dos critérios de sustentabilidade, com gestos para que a sociedade perceba a necessidade de cuidarmos bem do planeta, como canta Beto Guedes em “O Sal da Terra”: “… recriar o paraíso agora, para merecer quem vem depois…”.

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