Itália e Brasil: 150 anos de coesão

Quando o primeiro dos cerca de 400 migrantes desceu do navio “La Sofia” no Espírito Santo, em 21 de fevereiro de 1874, as histórias de Brasil e Itália se encontraram em uma só. E seguem juntas, 150 anos depois, complementares pelas singulares contribuições de cada um, como mostra o caderno especial que O TEMPO publica nesta edição.

Na bagagem daquele grupo veio uma palavra que sintetiza essa integração: “insieme”. Assim como a experiência dos migrantes que, ao trabalharem com brasileiros nas plantações de café e nas construções dos centros urbanos do Sudeste, estabeleceram práticas e obras que permanecem até hoje, esse advérbio serve para indicar coesão, companhia e simultaneidade. Ou seja, uma convivência que rompe barreiras do espaço e do tempo.

É essa lógica que  ressalta na geometria urbana de Belo Horizonte os elegantes traços do arquiteto Luiz Olivieri, seja no Palacete Dantas, seja no prédio da Estação Ferroviária Central. Em seus 400 projetos para a capital, estão linhas que convergem à mineiridade.

A integração ítalo-brasileira não está apenas nas fachadas. Está na formação social e  política do Estado. Não surpreende que a chamada Casa D’Itália – idealizada por um brasileiro e um italiano como sede da sociedade beneficente – tenha abrigado ao longo de sua existência tanto a Assembleia Legislativa de Minas Gerais quanto a Câmara Municipal de BH.

A sinergia se estende para o campo econômico. Atualmente, mais de 100 empresas oriundas da península hoje contribuem para o desenvolvimento econômico e tecnológico de Minas Gerais. Além da geração de emprego e dos investimentos, elas promovem inovações em setores como automotivo, logístico, metalúrgico, farmacêutico e agrícola (para citar apenas alguns) aplicadas em todo o mundo.

Hoje, o sangue, o conhecimento e os sonhos daqueles 400 migrantes estão presentes em 32 milhões de descendentes de italianos, brasileiros que constroem uma nova história, um futuro de fartura, paz e conhecimento, além de qualquer lugar ou tempo, “per vivere insieme”.