As celebrações da Semana Santa no Santuário do Caraça começaram neste domingo (24/3) com a missa do Domingos de Ramos e se encerram no dia 31 com a missa da Ressurreição. Nesse período, o Caraça se prepara para receber fiéis e turistas com missas diárias, reflexão das dores de Nossa Senhora das Dores, cerimônia do lava-pés, Via-Sacra, adoração da Santa Cruz, Ofício das Trevas e missa da Vigília Pascal. Conhecido por suas belezas naturais e importância histórica, o destino turístico entre os municípios de Santa Bárbara e Catas Altas é um dos mais procurados de Minas Gerais, especialmente durante a Semana Santa. O local é perfeito para o visitante vivenciar a espiritualidade e fazer uma imersão na natureza. Por sinal, nesta quarta-feira (27/3), a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Santuário do Caraça completa 30 anos.
Neste ano, o Santuário do Caraça ainda celebra 250 anos da primeira missa e da chegada do Irmão Lourenço. “Desde a capela barroca até a construção da primeira igreja neogótica do Brasil, o Santuário do Caraça, os padres e irmãos que aqui vivem se empenham para manter viva a tradição da Igreja através da liturgia, da piedade popular e das celebrações dos sacramentos. Tradição, fé e devoção marcam as celebrações da Semana Santa no santuário, que ao longo dos anos tornou-se um centro de espiritualidade para aqueles que desejam vivenciar profundamente o mistério da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Marcado por procissões, momentos orantes e a santa missa diária, os peregrinos que recorrem ao santuário no alto da serra celebram com afinco a semana maior, fazem memória da paixão e ressurreição de Jesus, cujo mistério celebrado nos salva e liberta”, relata o Diácono Ramon Aurélio.
Aniversário da RPPN
Uma obra de responsabilidade sociocultural e ambiental para as gerações presentes e acima de tudo, futuras. Essa é a classificação dada pela Provincia Brasileira da Congregação da Missão à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Santuário do Caraça, que é uma unidade de conservação de âmbito federal, criada em março de 1994, através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o coordenador ambiental, Douglas Henrique, a RPPN tem suma relevância, já que veio para trazer organização ao turismo do local. “Se pensar que o Caraça há 30 anos passados sofria com o turismo desordenado, a RPPN trouxe para o local uma ordenação da recreação, uma organização para que essa atividade aconteça com o mínimo impacto possível. Quem conheceu o Caraça há três décadas e hoje retorna, se surpreende com o grau de conservação. Tudo isso graças ao processo natural de preservação desses ambientes, com regulamentação de áreas, número de pessoas e horário de visitação”, diz.
Douglas Henrique destaca que o Caraça é uma sala de aula a céu aberto. “Ao longo desses 30 anos o Caraça tem um papel importante no desenvolvimento de profissionais e na capacitação de novos pesquisadores. Somos terreno e alvo de estudo, ou seja, de pessoas que estiveram aqui levando o Caraça em sua formação. Desde a parte básica, como alunos dos ensinos fundamental e médio, bem como aulas de campo no primeiro período da graduação, principalmente nas ciências biológicas. Mas temos recebido, também, alunos de geologia, geografia e com isso, o local se tornou um espaço de desenvolvimento profissional. Inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas aqui para entender a importância da serra do Caraça na regulamentação do clima, da cadeia dos Espinhaço e Quadrilátero Ferrífero e Aquífero, além da relevância do reabastecimento hídrico da bacia do rio Doce, como também, da recomposição dessa biota aquática dessa bacia após o rompimento da barragem da Samarco”, relata.
Para o coordenador ambiental do Santuário do Caraça, apesar de ser uma RPPN, um grande desafio, não só do Caraça, mas das unidades de conservação, é dialogar com as comunidades de entorno. “O Caraça vem fazendo isso nos últimos anos, pois é um importante ponto de conexão e disseminação de conhecimento de preservação com as comunidades de entorno. Os nossos próximos passos serão uma reestruturação das trilhas para poder receber mais pessoas, com mais qualidade, mantendo a preservação dos ambientes naturais. Com isso, o Caraça se organiza para os próximos anos, focando na acessibilidade dos seus atrativos e na qualidade dessa experiência para o visitante. Também temos um grande desafio, que é a questão da proteção desse espaço geográfico. Por mais que a área seja legalmente protegida, ainda sofremos com algumas ações, como, a invasão de território, caminhantes, e pessoas que não obedecem às regras da RPPN”, revela.
Douglas Henrique fala que unir forças é o caminho para a preservação. “É um grande desafio fazer com que o poder público entenda que o Caraça, apesar de ser uma área particular, é um patrimônio das cidades vizinhas, nacional e da humanidade. A gente precisa melhorar a nossa estrutura e muitas coisas que, talvez, com o engajamento do poder público, possamos conseguir. Falta um projeto de lei nos municípios que possa contribuir com a proteção desse espaço, seja em um aporte de recurso, quanto subsídio de serviço. É necessário entender o Caraça como uma extensão de Catas Altas e Santa Bárbara. Neste marco de 30 anos de existência, seria excelente ter uma carta de compromisso dos prefeitos para que os municípios ajudem a proteger o local”, conclui o coordenador ambiental.
Saiba mais
O complexo é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual e foi escolhido como uma das "Sete Maravilhas da Estrada Real". Conta com um conjunto arquitetônico onde estão a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil, o prédio do antigo colégio (hoje museu e biblioteca), a pousada com 57 quartos e a Fazenda do Engenho, com 26 apartamentos.
Na ampla diversidade de sua fauna, há 386 espécies de aves, 42 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos. A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Santuário do Caraça faz parte de duas importantes reservas ecológicas: as reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço Sul e da Mata Atlântica, onde há diversas espécies de flora e fauna, algumas encontradas somente no complexo do Santuário do Caraça, que fica na transição entre Mata Atlântica e Cerrado.
Em suas serras há nascentes, ribeirões e lagos que possuem águas de coloração escura, que carreiam material orgânico em suspensão. Seu solo é rico em minérios, explorados nos séculos anteriores, e com grande concentração de quartzito ou rocha metamórfica. Desde 2011, passou a ser preservado contra exploração comercial. O território do Complexo do Caraça integra a Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de BH, onde começam duas grandes bacias hidrográficas, a do rio São Francisco e a do rio Doce, que abastecem aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.
Serviço
Santuário do Caraça
Onde: Estrada do Caraça, KM 9, entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara
Como chegar: fácil acesso pelas rodovias BR-381 e MG-436, além do da possibilidade de ir por trem (Estação Dois Irmãos, em Barão de Cocais)
Taxa de entrada: R$ 30 (em dias de semana) e R$40 (finais de semana, feriados e datas comemorativas) por pessoa. Idosos têm 50% de desconto. Moradores de Barão de Cocais, Catas Altas e Santa Bárbara possuem 50% de desconto. Entrada gratuita na primeira quarta-feira de cada mês para os moradores de Barão de Cocais, Catas Altas e Santa Bárbara.
Informaçoes: acesse o site Santuário do Caraça / Reservas: centraldereservas@santuariodocaraca.com.br / Instagram @santuariodocaraca @rppn_caraca / Facebook / Santuário Caraça
Programação da Semana Santa
26/3: missa às 18h
27/3: missa às 7h , reflexão das dores de Nossa Senhora das Dore, às 18h
28/3: missa da Ceia do Senhor e lava-pés, às 18h
29/3: Via Sacra, às 9h, adoração da Santa Cruz, às 15h, e Ofício das Trevas, às 18h
30/3: Ofício de Nossa Senhora: às 7h, missa da Vigília Pascal: às 19h
31/3: missa da Ressurreição, às 11h