Presidente da Federação Israelita do Estado de Minas (Fisemg), Beny Cohen, acompanha com atenção o caso do homem que foi flagrado vestindo uma braçadeira com a suástica, símbolo nazista mais conhecido, em Unaí, no Noroeste de Minas. Na última semana, O TEMPO apurou que o Ministério Público não indicou a prisão ao homem e solicitou que o réu, o fazendeiro José Eugênio Adjunto, tenha a sanidade mental avaliada. Ele afirmou que tem depressão e que, para ele, a suástica seria um “símbolo budista”.
“Já manifestamos nossa confiança na Justiça. Que o juiz consiga julgar o caso de maneira imparcial, porque aquela suástica foi muito flagrante. Não tem como usá-la sem saber o que está usando, não é um símbolo qualquer. Nos sentimos bem acolhidos em Belo Horizonte, mas estamos sempre vigilantes e alertas”, avaliou Cohen, em entrevista durante a 29ª Festa de Israel, no bairro Mangabeiras, neste domingo (22).
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, também compareceu à festa e ressaltou que a educação e o reforço de leis são os caminhos mais necessários para coibir a intolerância. “O antissemitismo é um foco de preocupação para nós, para a comunidade judaica e também para o governo e para o povo brasileiros. Acredito que ele deve ser tratado por dois canais. O primeiro é a educação, conhecer, saber o que foi o Holocausto do povo judeu. E outro é o reforço de leis e regras contra o antissemitismo. Sabemos que, no passado, palavras [antissemitas] viraram ações, e não queremos isso mais”, declarou.
Seis milhões de judeus foram mortos no Holocausto, que também perseguiu e matou outras minorias, como pessoas LGBT e com deficiência. No Brasil, é crime “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”, segundo a Lei do Racismo, e a pena vai de multa a detenção de dois a cinco anos. Para especialistas, porém, a impunidade impulsiona casos de apologia ao nazismo.