PREVENÇÃO

Com aumento de golpes contra idosos, palestra em BH busca prevenir público da 3ª idade

Denúncias no Brasil aumentaram 73% nos primeiros cinco meses do ano passado

Por Bruno Daniel
Publicado em 07 de maio de 2024 | 17:14
 
 
 
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O Disque 100 do Governo Federal registrou mais de 15 mil denúncias de violações financeiras ou materiais contra idosos nos primeiros cinco meses de 2023. O número é 73% superior ao registrado no mesmo período de 2022, quando mais de 8 mil casos foram denunciados. Os números de 2024 não foram divulgados, assim como dados relativos a Minas Gerais. Para auxiliar esse público na prevenção aos golpes, o Procon Minas Gerais promoveu uma palestra nesta terça-feira (7).

O evento foi realizado na sede do Sesc Palladium, no Centro de Belo Horizonte, e teve como palestrante a servidora do Ministério Público de Minas Gerais Deiser Ferreira, que atua na Escola Estadual de Defesa do Consumidor. A educadora avalia com preocupação o aumento dos golpes contra idosos e alerta principalmente para os efeitos que esse crime causa nas pessoas da terceira idade.

"Eles já vivem de aposentadoria, têm um salário já não tão grande para que possam levar esses prejuízos, e muitas vezes economizaram a vida inteira para sua aposentadoria e vêem seus valores roubados. O impacto é muito grande. Depressão, problemas de saúde. A pessoa perde a paz até para dormir", afirma.

A vulnerabilidade dos idosos é um dos atrativos para os golpistas. Deiser Ferreira também aponta as mudanças tecnológicas como fator que colabora para as violações. "Eles (idosos) não foram criados nessa era digital. Com a pandemia, começamos a usar muito mais celular aplicativos, deixamos de ir ao banco presencialmente para resolver pendências", explica.

Mas não é só no meio digital que os golpistas atuam. Presencialmente, também é possível se tornar vítimacomo aconteceu com a aposentada Iraci Nascimento, de 72 anos. Em outubro de 2020, ela estava em um banco, quando foi abordada por uma mulher com um crachá, que ofereceu ajuda. 

"Passei tudo para ela. Cartão, senha... Ela fez um empréstimo consignado na minha folha de pagamento. Descobri em janeiro. Ela pegou R$ 20 mil na minha folha de pagamento, mais R$ 16 mil", relembra a mulher, que até hoje não conseguiu recuperar nenhum centavo do que perdeu. 

Iraci ficou até doente depois que descobriu o golpe e, hoje, redobra os cuidados. "Eu não passo mais informações. Passo tudo para minha filha. Estou com trauma", desabafa.

Para evitar golpes, a dica é nunca confiar imediatamente em nenhum contato de desconhecidos, seja presencialmente ou no meio virtual. "Tenha muita ciência de que bancos não pedem senhas, não pedem dados. Então não forneça esse tipo de coisa de forma alguma", aconselha Deiser Ferreira.

A pensionista Maria Jacinta Magalhães, de 73 anos, segue à risca essas regras. E o método tem dado certo: ela conta que nunca sofreu nenhum golpe, apesar das várias ligações que recebe com ofertas de empréstimo. O segredo, ela diz, é 'não dar ideia' às ofertas.

"Quando recebo uma ligação, já passo para minha filha. Ligam oferecendo empréstimos altos, acima do salário que recebo. Aí eu desconfio", diz a mulher, que prefere tratar qualquer questão financeira presencialmente.

"Procurar sempre seu gerente do banco, para ver o que está por trás, se são eles que estão mandando a oferta. Vamos na pessoa certa", aconselha.

Valorização da pessoa idosa 

A palestra foi realizada no âmbito do projeto Sesc +60. Realizada no Brasil há mais de 60 anos, a iniciativa está em Minas Gerais há 68 anos, em 17 unidades. “O intuito é levar para as pessoas idosas autonomia, atividades para socialização e integração e atividades que previnam o declínio cognitivo e físico dessas pessoas. Temos trabalhos manuais, atividades físicas, passeios, danças, atividades voltadas para oficina digital como prevenção de golpes, como mexer em aparelhos eletrônicos, detalha Tatiane Moreira, analista de ação Social do Sesc Minas Gerais. 

Em Minas Gerais, são cerca de 3.650 pessoas idosas atendidas pelo programa. Tatiane diz que acabar com o preconceito contra os idosos é outro foco do programa. "A gente sempre tenta ir pelo discurso contrário, inclusive promovendo atividades que as pessoas entendem que não são para pessoas idosas”, pontua. 

Confira dicas para evitar cair em golpes financeiros:

-    Nunca forneça dados bancários a estranhos
-    Não forneça ou confirme dados pessoais por mensagens ou telefone
-    Não abra mensagens ou e-mails de desconhecidos
-    Não guarde a senha junto com o cartão
-    Ao digitar a senha no caixa eletrônico, fique perto do visor, para que ninguém a veja
-    Não aceite a ajuda de desconhecidos em agências bancárias
-    Caso não se sinta seguro, dirija-se ao caixa convencional

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