Além de um serviço que apresenta cada vez mais queixas, passageiros que utilizam o transporte coletivo em Belo Horizonte também precisam lidar com a insegurança. Dados divulgados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) apontam que em Belo Horizonte ocorrem, em média, quatro ocorrências de roubo e furto por dia no transporte coletivo. No primeiro trimestre deste ano foram 355 furtos e 46 roubos denunciados, somando 401 vítimas. A capital mineira concentra mais da metade dos 689 casos de registrados no Estado.
Os números divulgados pela Sejusp englobam crimes cometidos nos ônibus e também em metrô. O governo, entretanto, disse não ser possível o detalhamento de quantos crimes ocorreram em cada um dos modais.
A situação já foi pior. Em todo o Estado de Minas Gerais, de janeiro a março deste ano, foram registros 74 roubos dentro do transporte coletivo. O número é 28,8% menor que os 104 registrados no mesmo período de 2023. Já os registros de furto, nos três primeiros meses deste ano foram 615, também menor que os 928 do ano anterior. Em Belo Horizonte, os roubos dentro dos transportes coletivos foram 46 até março deste ano, uma queda de 33,7% diante dos 61 de 2023. Os furtos também caíram, passando de 605 para 355.
O governo divulgou também os dados relacionados a importunação sexual. De janeiro a março de 2023 foram 46 registros no transporte público em todo o Estado, enquanto neste ano foram 26 ocorrências. Na capital, neste ano foram sete registros, frente a 15 no mesmo período do ano passado.
A insegurança passa a ser mais um dos desafios enfrentados pelo passageiro. Uma plataforma disponibilizada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) aponta mais de 17 mil reclamações entre janeiro e março deste ano sobre ônibus na cidade. Entre as queixas mais frequentes estão o descumprimento de quadro de horário e de pontos de embarque, o não funcionamento do ar-condicionado, superlotação, conservação dos veículos, entre outros.
Novo canal de denúncia
Para frear os casos, o governo de Minas Gerais lançou uma campanha denominada “Emergência MG no Transporte Público” para conscientizar a população sobre o acionamento das forças de segurança em situações de risco vividas por usuários do transporte público. O serviço de atendimento virtual Emergência MG, conforme o poder público, é pioneiro no país e promove a mobilização integrada das polícias e Corpo de Bombeiros Militar via chat. Ele pode ser acionado por meio do site www.emergencia.mg.gov.br, pelo aplicativo do Governo de Minas - MG App e pelo Telegram.
O canal de denúncias divulgado nesta semana permite o acionamento também para casos de importunação sexual. De janeiro a março de 2023 foram 46 registros de importunação sexual no transporte público em todo o Estado, enquanto neste ano foram 26 ocorrências. Na capital, neste ano foram sete registros.
Para Aaron Duarte Dalla, Subsecretário de Transportes e Mobilidade, os novos canais servem tanto para a vítima quanto para a pessoa que presencia a ação criminosa possam relatar a situação para as forças de segurança. “A gente acredita que isso vai ampliar a sensação de segurança dos passageiros”, disse.
Ações de segurança
Para o tenente-coronel Flávio Santiago, chefe do Centro de Jornalismo Policial (CJP) da Polícia Militar de Minas Gerais, a redução dos números indica que a PM, no âmbito da segurança pública, tem feito seu papel. "Esses dados são positivos, denotam uma ação importante. A PM hoje, no que tange aos transportes coletivos, tem feito operações pontuais, temos contato com as empresas. Hoje você tem rede de proteção até dos transportes. A PM além de monitorar essas redes que divulgam ações de transporte coletivo, faz operações cirúrgicas com entrada em coletivo, ações pontuais", destacou.
A Polícia Militar também conta com a Gestão de Desempenho Operacional (GDO) que mapeia os crimes cometidos no transporte público. "A GDO cobra soluções e oferece recursos. Com essa medida consigo oportunizar a ação cirúrgica em relação aos crimes, logo tenho facilidade em combater e a redução (dos crimes) vem. Eu direciono esforços para datas, horários e infratores contumazes.", explicou.
Como dica ao passageiro, o tenente-coronel sugere que, se possível, não deixe celular ou outros objetos, como correntes, à mostra. As bolsas e mochilas devem sempre serem colocadas na frente da pessoa, para que o objeto esteja ao alcance do campo de visão. Outra dica é ficar atento ao uso de celular perto das janelas, já que infratores aproveitam da distração para "pularem" do lado de fora e subtrair os aparelhos.
Por meio de nota, a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte (GCMBH) disse que os agentes da corporação realizam rondas a fim de coibir a prática de crimes, somando esforços com a Polícia Militar. Os flagrantes são encaminhados à Polícia Civil, que é a instituição responsável por investigar a autoria dos delitos e a responsabilização dos autores. Em caso de assalto, incêndio criminoso e brigas, no transporte público, o motorista do ônibus pode acionar o botão do pânico. E para situações de importunação sexual o condutor pode recorrer ao botão do assédio instalado no painel do coletivo. Em ambos os casos, a viatura que estiver mais próxima, seja da Guarda Municipal ou da Polícia Militar, é imediatamente acionada para se direcionar ao local.