LEGADO

Dia Mundial da Língua Portuguesa une o Camões à língua portuguesa

Autores descrevem a importância do poeta português para a expansão da língua, uma das mais faladas do mundo

Por Alex Bessas
Publicado em 06 de maio de 2024 | 07:00
 
 
 
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Descrevendo o Dia Mundial da Língua Portuguesa, comemorado anualmente em 5 de maio, como uma celebração do lugar especial e único a que pertencem todos os falantes do idioma no mundo, a escritora portuguesa Cristina Drios lembra que a data foi escolhida por coincidir, supostamente, com o nascimento de Luís Vaz de Camões, enquanto 10 de junho, data certa de sua morte, marca o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. “Isto diz da importância do seu legado”, resume.

Por sua vez, Jacyntho Lins Brandão, presidente da Academia Mineira de Letras (AML), acrescenta que existem outras mais oportunas coincidências que ligam o Dia Mundial da Língua Portuguesa ao legado camoniano. “É sintomático que ‘Os Lusíadas’ seja um poema sobre as grandes navegações, que levaram à expansão de Portugal, sendo esse o processo histórico que permitiu que a língua portuguesa se tornasse uma das mais faladas do mundo”, examina, ponderando que os primeiros documentos em português já identificados são as cantigas medievais do século XII, que tinham influência provençal, sendo de uma época em que a língua era tratada ainda como linguagem, em um sentido quase pejorativo.

“Já Camões surge no contexto do Renascimento, período caracterizado por uma retomada das tradições do grego e do latim. É nesse cenário que vem a novidade principal de Camões, ‘Os Lusíadas’, inspirado pela Ilíada e Odisseia”, diz, fazendo referência a duas obras de Homero, poeta grego da Antiguidade, sendo considerados fundamentais no cânone da literatura ocidental. “Camões, por sua vez, a partir destas referências, escreve esse longo poema épico, que se torna um dos principais da época dele, celebrando as grandes navegações e a história de Portugal”, contextualiza, reforçando que o autor foi fundamental para que o idioma ganhasse um novo status.

“Uma coisa importante é que ele promove uma expansão do léxico português, se aproveitando da criação de neologismos buscados no latim, principalmente, mas também no grego, em um processo que não é diferente do que está acontecendo nas outras línguas europeias neste momento do Renascimento”, aponta, reforçando que, ao escrever “Os Lusíadas”, Camões colaborou para a formatação e reconhecimento de um conjunto de palavras portuguesas disponíveis para que as pessoas se expressassem oralmente ou por escrito.

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