CONTEMPLADOS

Itaú Cultural divulga resultado do edital Rumos, agora reformulado

Dos 100 projetos selecionados, três são de Minas Gerais

Por Alex Bessas
Publicado em 06 de maio de 2024 | 14:34
 
 
 
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Nesta segunda-feira (6), por meio de uma coletiva de imprensa, representantes do instituto Itaú Cultural anunciaram o resultado do edital Rumos, um dos mais longevos do país, em atuação desde 2007. Neste ano, dos 9.389 projetos recebidos, 100 foram selecionados, abrangendo os 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal.

De Minas Gerais, foram selecionados três trabalhos de linguagens artísticas distintas entre si – o número é inferior ao da última edição do edital, quando 11 projetos do Estado foram contemplados. 

Entre os aprovados, no segmento da literatura, aparece a proposta de Ricardo de Moura, de Belo Horizonte, intitulada “Da Macega à Makaia – abrindo caminhos na tradução do falar negro de terreiro”. Já de Ouro Preto, na região metropolitana de BH, há o projeto “Dos cantos para as cordas – Arranjos instrumentais para Vissungos”, de Felipe Mancini, que investiga a música de caráter responsorial praticada por escravizados africanos utilizados não só nas lavras de diamantes e ouro na região compreendida, entre outras, pelas periferias das cidades brasileiras de Diamantina, São João da Chapada e Serro. Por fim, também da capital mineira, está o trabalho audiovisual “Kakxop pahok: as crianças cegas”, de Charles Bicalho.

Temáticas emergentes

Segundo informe do Itaú Cultural, entre a ampla diversidade de propostas, neste ano despontam temas intergeracionais, que refletem sobre o processo de envelhecimento, ligados a questões LGBTQIAPN+, com especial atenção para a pauta trans, e relacionados a reflexões raciais, principalmente da negritude e indígenas, e de cultura periférica.

Investimento

Superintendente do Itaú Cultural, Jader Rosa contextualiza que, ao longo de seus 17 anos de atuação, o edital Rumos aprovou 1.500 projetos, impactando 7 milhões de pessoas. Neste ano, informa, cada trabalho selecionado pode ser contemplado por um teto de até R$ 100 mil. “Na somatória, até agora, o volume investido é de R$ 8,5 milhões”, expõe.

Os valores, complementa Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú/Itaú Cultural, devem ser ampliados à medida que os projetos forem realizados. “Ainda teremos exposições e outras ações realizadas a partir dos selecionados”, observa, dizendo que o processo agora iniciado vai se desenrolar “com muita experimentação e diálogo”. Não por outro motivo, ele classifica a iniciativa mais como um edital que propicia uma parceria, não apenas concedendo patrocínio.

Novo formato

Valeria Toloi, gestora do Itaú Cultural, reforça os argumentos de Eduardo Saron ao sustentar que o edital não se propõe a apenas fazer um aporte financeiro para os selecionados, que, depois, teriam que prestar contas. “Mais do que isso, a gente acompanha todo o processo”, garante, salientando que cada artista tem até um ano e seis meses para a execução do projeto.

Jé Oliveira, Valeria Toloi e Jader Rosa durante coletiva do Itaú Cultural Rumos

“Neste período, fazemos um acompanhamento, tendo conversas, indo até o local”, assinala ela, ponderando que os projetos nem sempre vão ganhar a forma de um produto final. “O artista pode criar uma dramaturgia, que não será montada, como peça, por exemplo”, cita.

Valeria ressalta que, a partir desta edição, o Rumos passa a ter um novo formato, focando exclusivamente projetos de criação artística relacionados à arte e à cultura brasileiras: “O edital já passou por uma reformulação em 2013, quando deixamos de fazer a seleção tendo como critério a linguagem artística. E, agora, voltamos a repensar a proposta, tendo como mantra que este é o ‘tempo de criar’. A partir desse pensamento, queremos dizer que nos interessa, tanto quanto o produto final, o processo de criação”.

Seleção

Membro da comissão responsável pela avaliação dos projetos, o ator, dramaturgo e diretor Jé Oliveira sublinha que o processo de seleção de projetos incluiu três etapas. Na primeira, todas as inscrições válidas foram analisadas pelos integrantes da comissão de avaliação do Rumos Itaú Cultural, que reúne 45 pessoas que representam a diversidade regional, racial e de gênero do país.

Na segunda etapa, os trabalhos que passaram pela primeira peneira foram analisados pela comissão de seleção, com 16 integrantes. Nesta fase, foi considerado a singularidade, relevância, e consistência de cada projeto. Para finalizar, os selecionados passaram pela etapa de viabilidade técnica, jurídica e orçamentária.

Distribuição Regional:

  • A região Nordeste, com 23,4% dos inscritos, concentra 41% dos contemplados;
  • O Sudeste tem 29% dos selecionados (para 53,3% de inscritos);
  • e o Norte, 12% (com 5,2% das inscrições).

Segmentos Artísticos:

  • Audiovisual: 18% dos projetos selecionados;
  • Teatro: 16%;
  • Artes visuais: 14%;
  • Música: 14%;
  • Literatura: 10%.
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