NA TV E NO TEATRO

Cissa Guimarães volta a BH com espetáculo ‘Doidas e Santas’ neste fim de semana

Artista também é a nova apresentadora do programa “Sem Censura”

Por Laura Maria
Publicado em 09 de maio de 2024 | 07:38
 
 
 
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Cissa Guimarães está mais livre do que nunca – apesar de também andar ocupadíssima. Faz-se necessário o antagonismo para explicar o momento vivido pela artista, que volta a BH neste fim de semana com o espetáculo “Doidas e Santas.” Livre define a carioca em duas razões: aos 66 anos, e há três meses apresentando o “Sem Censura”, ela não precisa mais se preocupar com números de audiência ou com a concorrência, uma vez que a TV Brasil, emissora onde o programa é exibido, pertence ao governo federal. O outro motivo da sua liberdade é que agora ela “pode conversar livremente, abertamente, sem censura” sobre cultura, política, saúde e ciência durante as duas horas de duração de um programa que é só dela.


Desde que assumiu a função, no entanto, Cissa anda com a agenda superapertada. “De segunda a quinta faço as gravações. Durante a manhã, eu estudo o programa. Depois, vou para a TV e fico lá até umas 19h30. Aí, volto para casa e dou mais uma estudadinha para o programa do dia seguinte. Quer dizer: minha vida é trabalho”, conta a atriz à reportagem durante uma ligação feita a caminho da emissora. Obviamente, a rotina extenuante tem deixado a artista cansada, como ela mesmo confessa, o que não significa que ela não esteja feliz – palavra esta repetida por Cissa em cinco ocasiões ao longo da conversa com O TEMPO


“Estou recebendo tudo com muita alegria, me sinto honrada. Estou muito feliz com estes primeiros três meses de programa. Para mim, é uma conquista maravilhosa. Não tem essa questão de etarismo. Eu estou feliz pra caramba e animadíssima. Me sinto no meu auge”, comemora Cissa. Tanto contentamento vem depois de um período complicado. Em 2021, a artista foi demitida da Globo após 46 anos de trabalhos na emissora, revezados entre atuação, reportagem e apresentação. O tempo que ficou longe da TV foi importante, porém, para que lançasse um novo olhar sobre a própria carreira.


“No ‘É de Casa’ [seu último trabalho na emissora], eu dividia a apresentação com outros colegas. E agora eu comando um programa que é só meu. É uma linguagem diferente, o próprio nome já diz: sem censura. A gente não está interessado se dá Ibope ou não, se a gente tem que concorrer com o SBT ou com a Record. A gente só faz o nosso com qualidade. Então, para mim, é uma grande conquista, não se trata de competição. Eu me sinto muito num lugar muito de conforto, no sentido de que eu acredito no que eu estou fazendo plenamente. É um trabalho focado para comunicação pública, e isso é uma coisa que eu me identifico muito. Eu gosto de falar para o povo, eu gosto de falar para gente. Acho que isso é renovação”, reitera Cissa, que também já comandou o “Vídeo Show” e o “Você Decide”, ambos da Globo.


Cissa afirma que participa ativamente da produção do programa, que foi ao ar pela primeira vez em 1985 para celebrar o fim da ditadura e que já teve como Leda Nagle como uma das apresentadoras mais longevas. “Eu tenho meu poder de decisão e de veto, mas lá é tudo feito em equipe. Nós privilegiamos o coletivo. Todo mundo participa das reuniões de pauta e pode dar seu pitaco. É muito democrático”, revela a apresentadora, que ocupa o centro do debate, e que, a cada dia, de segunda a sexta, recebe quatro convidados. Cissa conta ainda com um time de apresentadores que se revezam para acompanhá-la na exibição, como a comediante Dadá Coelho, a radialista Fabiane Pereira, o apresentador e ator Hugo Bonemer e jornalista Murilo Ribeiro.


Até agora, o programa tem sido bem recebido pela crítica e pelo público. Quando estreou, em 22 de fevereiro, chegou a ser o assunto mais comentado do X (antigo Twitter). Inevitavelmente, o sucesso tem a ver com o carisma e a espontaneidade próprios da Cissa. “Temos recebido cada elogio, cada crítica da imprensa… Eu saio na rua todos os dias, e alguém comenta: ‘estou adorando o programa’”, celebra.


Tendo participado por diversas vezes do “Sem Censura”, Cissa admite que jamais se imaginou assumindo a bancada do diário. “Quando recebi o convite, fiquei numa alegria! Não titubeei, nem falei: ‘deixa eu pensar um pouco.’ A Antônia Pellegrino, que é a diretora de conteúdo do programa, me telefonou, convidando para um almoço e falou: ‘olha, a gente está querendo retomar o ‘Sem Censura’ e queríamos que fosse sob a sua batuta. Eu falei: ‘o quê? Não acredito. É pra já! Começa quando?’”, relembra.


Entre a TV e o teatro


Entre uma gravação e outra, Cissa Guimarães tem se dedicado ao teatro. Neste fim de semana, em Belo Horizonte, ela entra em turnê com o “Doidas e Santas”, espetáculo sucesso de público que estreou em 2010 e que só deixou de ser encenado durante a pandemia. “É uma loucura o que eu estou fazendo. Mas é algo que faço com tanto amor e alegria, que acho que vai dar tudo certo. Eu estou felicíssima”, exulta.


Com texto baseado na obra de Martha Medeiros e direção de Ernesto Piccolo, a montagem conta a história de Beatriz, uma mulher na casa dos 50 anos que faz uma série de reflexões sobre a própria vida ao decidir por um ponto final no matrimônio. “A Beatriz é uma mulher que, depois de mais de 30 anos de casamento, percebe que as coisas não estão legais. Mas é muito tempo, né? Então, é normal sentir medo de largar tudo. Mas, em determinado momento, ela toma uma atitude e resolver seguir o rumo dela. A partir disso, desencadeia uma série de coisas. Só indo assistir para entender”, convida.


A atriz divide o palco com Giuseppe Oristanio, que interpreta Orlando, o marido incorrigível de Beatriz, e com a atriz Josie Antello, que dá vida à irmã, à mãe e à filha da personagem de Cissa. Tanto tempo em cena fez com que ela se sentisse em casa com o resto do elenco. “Nós viramos uma família. Voltar a conviver é como um presente para nós também. Somos a mesma equipe que se mantém desde 2010. Claro que estamos nervosos, porque ficamos quatro anos sem nos apresentarmos, mas quando o terceiro sinal toca, estamos um ali pelo outro”, acentua.


Ela conta que não vê a hora de voltar aos palcos, especialmente na capital. “Nós escolhemos retomar em Belo Horizonte, porque é um público que prestigia muito a cultura e o teatro. Sempre nos sentimos muito acolhidos lá. É um lugar que tenho muitos amigos e adoro”, finaliza. 


SERVIÇO

Espetáculo “Doidas e Santas”, com Cissa Guimarães

Quando. Sexta (10) e sábado (11), às 21h 

Onde. Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, centro)

Quanto. Entre R$ 60 (meia-entrada) e R$ 160 (inteira), com ingressos no Sympla

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