Repercussão

Após eleição, Câmara de BH não vota projetos e vira espaço para agradecimentos

Vereadores encerraram nesta segunda-feira as sessões plenárias de novembro

Por Lucas Henrique Gomes
Publicado em 16 de novembro de 2020 | 19:16
 
 
 
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Um dia após a eleição municipal, os vereadores de Belo Horizonte participaram nesta segunda-feira (16) da última reunião plenária do mês de novembro na Câmara Municipal. Nenhum dos dois projetos em pauta foi votado e o encontro serviu como espaço para agradecimentos entre aqueles que conseguiram a reeleição e também para os que não seguirão no mandato na próxima legislatura.

Durante os 50 minutos de sessão, apenas César Gordin (Pros) e Maninho Félix (PSD) não marcaram a presença na sessão. Ambos não conseguiram a reeleição e ficaram como primeiro suplente dos respectivos partidos. No plenário de forma presencial apenas 10 vereadores, enquanto outros 29 registraram a presença de forma virtual.

Uma das maiores implicações da renovação de 58% determinada nas urnas vai ocorrer na Frente Cristã da Casa, bancada informal e que conta, geralmente, com 28 vereadores no cenário atual. Jair Di Gregório, um dos fundadores do grupo, Autair Gomes, atual presidente e Elvis Côrtes, um dos membros mais efusivos da Frente, todos do PSD, não foram reeleitos. De acordo com vereadores ouvidos pela reportagem, a nova composição da bancada religiosa deve ser, inclusive, mais ponderada que a atual e, obviamente, menor. Um levantamento inicial apontava um número em torno de 20 parlamentares.

Wesley Autoescola (Pros), que presidiu a Frente Cristã recentemente e foi reeleito, afirmou ser prematura essa análise e que conversaria com os colegas que assumem no próximo ano. Perguntado sobre como a bancada recebeu a votação de Duda Salabert como a mais votada da história da cidade e a primeira trans a ocupar um cargo legislativo na capital mineira, Wesley a parabenizou pela votação expressiva, mas que “não assusta” o grupo religioso. Em toda a entrevista e também quando fez o uso do microfone no plenário, o vereador reeleito se referia à professora com artigos masculinos, como “o Duda” e “o trabalho dele”.

O vereador Gabriel Azevedo (Patriota), que também conseguiu mais quatro anos de mandato, discursou sobre a representatividade LGBT na nova formatação da Casa – que agora terá quatro representantes – e pediu que os colegas se tratem com respeito. Sobre as referências em artigos masculinos quanto à professora Duda Salabert, Azevedo relembrou um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado que enquadrou a homofobia e a transfobia como crimes de racismo, inclusive, ao negar o gênero de uma pessoa. Ele, entretanto, espera que a convivência diária gere um respeito mútuo na Casa.

Derrotados

Entre os vereadores que não conseguiram a reeleição, três fizeram o uso da palavra, além de Bernardo Ramos (Novo) que não concorreu no pleito. Emocionado, Pedrão do Depósito (Cidadania) parabenizou os colegas que continuarão na Câmara Municipal e agradeceu pelo tempo em que esteve na Casa. “Queria agradecer também a quem confiou na gente, foi uma eleição difícil, nosso bairro teve muito candidato. Pedir a Deus para que abençoe essa Casa, estou saindo, tentei trazer um legado para a Câmara, gostaria de agradecer por esses momentos”, disse Pedrão que propôs parcerias com os próximos legisladores e afirmou que vai estar “sempre ligado à Casa”.

Arnaldo Godoy (PT) ressaltou as votações obtidas por mulheres e pela comunidade LGBT e afirmou que “é um ensinamento grande para o respeito à diversidade, que a Câmara aprende a ser melhor” e que a votação histórica de Duda Salabert é um sinal para o Legislativo entender a mudança da sociedade.

Cida Falabella (PSOL) comemorou o fato de dobrar a votação dela se comparado a quatro anos antes, mas lamentou a regra do quociente eleitoral que o impediu de ocupar uma terceira cadeira do partido. Ela disse estar com o coração grato pelos quatro anos na Câmara e que em qualquer lugar que estiver, vai lutar pela arte. Ao se despedir, Cida desejou um “até logo” para os colegas.  

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