Contagem

Arrancada põe Felipe Saliba no segundo turno com Marília

Petista e democrata comemoram resultados alcançados e sinalizam disputa por apoios na nova etapa de disputa pela Prefeitura de Contagem

Por Rômulo Almeida
Publicado em 16 de novembro de 2020 | 01:10
 
 
 
normal

A eleição em Contagem será decidida no segundo turno. Felipe Saliba (DEM) confirmou o crescimento nas pesquisas de intenções de voto e vai disputar a Prefeitura de Contagem com Marília Campos (PT). A petista confirmou sua liderança com 41,83% dos votos, enquanto o advogado obteve 18,42%. O vereador Dr. Wellington (Republicanos) ficou em terceiro lugar, com 14,09%, mas os votos no médico podem ser anulados se ele não conseguir reverter no TSE a impugnação da candidatura de sua vice, Maria José Chiodi (Solidariedade) – o que impacta os resultados dele também.

Em quarto lugar na disputa ficou o vereador Ivayr Soalheiro (PDT), com 4,98%, seguido por Márcio Bernardino (Novo), com 4,62%, e Wellington Silveira (PL), com 4,03%. O deputado estadual Professor Irineu (PSL) terminou o primeiro turno em quinto, sendo escolhido por 3,96% dos eleitores que foram às urnas. Atrás dele vêm Coronel Avelar (Cidadania), com 2,63%; Kaká Menezes (Rede), com 2,04%; Coronel Fiuza (PTC), com 1,11%; Maria Lúcia Guedes (PV), 0,75%; Lindomar Gomes (PMN), 0,71%; Alfredo (Patriota), 0,58%; e Dulce (PMB), 0,23; e Sebastião Pessoa (PCO), 0,02%. A candidatura coletiva do PSOL foi indeferida pela Justiça Eleitoral ao longo da campanha por não apresentar em tempo hábil documentos para uma alteração na chapa.

As eleições em Contagem tiveram 19,99% de abstenções, abaixo da média nacional, que deve ficar em torno de 30%, de acordo com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.

O número de eleitores que votaram branco na cidade foi de 6,43%, e os votos nulos chegaram a 10,44%.

Confiança

Marília Campos (PT) acumula experiência na carreira política. Foi vereadora, deputada estadual três vezes e prefeita de Contagem por duas vezes, entre 2005 e 2012. A petista se mostra esperançosa para o segundo turno. “Estou muito confiante. Foi uma eleição muito disputada (16 candidatos), e, nesse primeiro turno, estou com mais de 54 mil votos de frente. No segundo turno estou muito confiante, porque acho que a população já expressa um posicionamento favorável à prefeitura de quem tem experiência, de quem tem conhecimento sobre a cidade”, comenta a candidata.

Sobre a rejeição a seu partido e possíveis alianças de concorrentes, Marília diz não temer e aposta no respeito para convencer os eleitores de outros candidatos. “Eu fiz uma campanha onde eu falei da minha história e do programa que eu defendo para a cidade. Eu não me referi a nenhuma outra candidatura e não me posicionei em relação a problemas ou posições de outros candidatos e candidatas e continuarei com esse perfil em respeito ao eleitor. Acredito que saio com vantagem em segundo turno porque em primeiro lugar vou agradecer àqueles que me deram o voto e tentar conquistar os que votaram em outros candidatos”, afirma.

Marília já começa a traçar alianças para o segundo turno. Ela diz que vai dialogar com líderes de outras siglas e reafirma não temer o adversário. “Eu especialmente vou me reunir com todos os partidos, com as lideranças políticas para tentar conquistar o apoio e fazer alianças. Em princípio eu não tenho temor por nenhum adversário. Estou muito confiante.”

Valorização

Felipe Saliba (DEM) concorre ao seu primeiro cargo político. Ele começou a ficar conhecido na cidade quando defendeu comerciantes que se manifestavam contra medidas restritivas de prevenção ao coronavírus. Outro fator que contribuiu para que o advogado crescesse no segundo turno é o fato de ter como coordenador de campanha o ex-prefeito da cidade Ademir Lucas.

“Estou muito feliz por essa primeira etapa vitoriosa. Agora é iniciar o segundo turno, com o pé no chão, propostas para valorizar a cidade, valorizar as pessoas. A cidade conseguiu entender nossas propostas, nos trouxe credibilidade e confiança. Vamos resgatar nesta cidade a credibilidade que nos roubaram há quatro anos. Estamos firmes na luta. Agora é começar uma nova história”, diz Felipe Saliba.

 

IPTU e taxa de rejeição moldaram o cenário

O cenário de segundo turno já estava sendo revelado pelas pesquisas ao longo dos últimos dois meses. Marília Campos (PT), que sempre apareceu como a candidata com maior intenção de votos, partiu de 45,5% na pesquisa DataTempo/CP2 de 20 de outubro e se estabilizou na faixa dos 40% no período entre 3 e 11 de novembro. Já Felipe Saliba (DEM) foi crescendo de 1,9% em outubro, quando era a terceira força na disputa, tendo alcançado 6,4% no dia 3 e 7,1% a dois dias do pleito, praticamente empatado com Dr. Wellington (Republicanos), que tinha 7,4% das preferências.

Alguns fatores contribuíram para a evolução desse resultado. Um deles foi indicado pela pesquisa DataTempo/Quaest: o índice de rejeição de 15% para a ex-prefeita de Contagem, atribuído principalmente à sua filiação ao PT, uma vez que encerrou sua gestão à frente do Executivo (2005-1008 e 2009-2012) com 72% de aprovação pelos cidadãos.

Um segundo ponto a ser levado em conta na virada do democrata foi sua estratégia de campanha ter acentuado a proposta de isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na reta final da disputa. Felipe Saliba, inclusive, reforçou a ligação com o ex-prefeito Ademir Lucas, que suspendeu a cobrança do imposto durante a sua gestão. Em várias peças de campanha e eventos, os dois apareceram juntos reforçando a proposta. Por sua vez, Marília Campos, em entrevistas concedidas durante a campanha, não falou em suspensão do IPTU, mas na redução da taxa. A petista defende o que ela chama de “justiça tributária”, mas não cravou o percentual que pretende reduzir na taxa. Segundo Marília, seria necessário estar dentro da prefeitura para saber a realidade orçamentária e adotou uma postura mais cautelosa.

Judicialização

 Na reta final da campanha, o segundo colocado na última pesquisa, Dr. Wellington (Republicanos), teve sua candidatura judicializada por causa de irregularidade envolvendo o registro de sua candidata a vice-prefeita, Maria José Chiodi (Solidariedade). Maria não teve autorização da direção nacional de seu partido para participar da chapa do Republicanos. Então, uma comissão do partido interveio e conseguiu em segunda instância retirar a candidata a vice de Wellington. Como a Justiça Eleitoral exige que a chapa majoritária seja completa, com os candidatos a prefeito e vice, a ausência de Maria inviabilizaria também a candidatura de Wellington. O médico recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apresentando embargos, para tentar reverter a situação. Esse impasse pode ter feito com que parte dos votos que iriam para Wellington migrassem para Saliba

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!