2º turno

Eleições 2020: apoio a rival de Flávio Dino implode base aliada em São Luís

Eduardo Braide (Podemos) está no segundo turno da disputa pela prefeitura da capital maranhense

Por FOLHAPRESS
Publicado em 19 de novembro de 2020 | 14:15
 
 
 
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Derrotados no pleito em São Luís, DEM, PDT e até setores do PCdoB anunciaram nesta quarta (18) o apoio à candidatura de Eduardo Braide (Podemos) no segundo turno da disputa pela prefeitura da capital maranhense.

A aliança faz desmoronar a tentativa de união dos candidatos aliados do governador Flávio Dino (PC do B) em torno de Duarte Júnior (Republicanos) e implode a base do governador no principal colégio eleitoral do estado.

O movimento antecipa o debate em torno da sucessão de Dino em 2022, cujos principais nomes da base aliada são o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos).

Também põe em xeque a capacidade de articulação do governador em um momento em que ele se coloca como um possível candidato ao Planalto e defende a construção de uma aliança ampla para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Oposição a Dino

Braide integra a oposição a Dino e tem o apoio de alguns dos principais adversários do governador, caso do senador Roberto Rocha (PSDB) e da ex-governadora Roseana Sarney (MDB).
Desde o início da campanha, Braide era visto por aliados do governador como principal candidato a ser batido na eleição na capital.

Duarte Júnior é advogado e foi aluno de Flávio Dino na universidade. Entrou na política pelas mãos do governador e ocupou cargos no governo estadual. Filiado ao PC do B entre 2015 e 2020, migrou para o Republicanos após perder a disputa interna pela nomeação para o candidato Rubens Júnior, que ficou em quarto lugar no pleito.

No primeiro turno, os partidos aliados do governador dividiram-se entre cinco candidatos --Duarte Júnior, Rubens Júnior, Neto Evangelista (DEM), Bira do Pindaré (PSB) e Yglésio Moyses (Pros). A expectativa era que o candidato que passasse ao segundo turno tivesse o apoio dos demais.

Com as urnas apuradas, o oposicionista Eduardo Braide saiu na frente, com 37,8% dos votos válidos, contra 22,2% de Duarte Júnior, 16,2% de Neto Evangelista e 10,6% de Rubens Júnior. A definição da disputa pelo segundo turno fez Dino, que havia optado pela neutralidade no início, anunciar apoio a Duarte em um vídeo publicado nas redes sociais.

"Meu apoio firme e decidido vai para o candidato Duarte Júnior. Duarte já integrou o meu partido e tem experiência de boa gestão no nosso governo. Sempre se mostrou corajoso, eficiente e incansável."

Caminhos distintos

Apesar do apoio público, os demais candidatos da base derrotados tomaram caminhos distintos. Neto Evangelista e Yglésio Moyses anunciaram apoio a Braide, e Rubens Júnior endossou Duarte.

Braide também recebeu o apoio até mesmo de políticos do PC do B, caso do deputado estadual Carlinhos Florêncio. A cúpula do partido diz que foi um caso pontual, mas classificou a atitude do parlamentar como inaceitável.

Nos bastidores, a decisão de apoio a Braide é justificada pelas feridas abertas no primeiro turno. O principal alvo de críticas é Duarte Júnior, cujo perfil é considerado personalista e pouco agregador.

Também há uma avaliação de que o apoio de DEM e PDT a Braide zera o jogo para a sucessão do governo em 2022 e irá demandar muita conversa e negociação para manter a base aliada de pé.

Procurado, o candidato derrotado Neto Evangelista classificou como pessoal sua decisão de apoiar Braide e afirmou que optou pelo candidato do Podemos após ler o seu programa de governo.

Ele, que é deputado estadual, diz que permanece na base de Dino mesmo se colocando no campo oposto ao do governador na disputa pela prefeitura. Procurado, o senador Weverton Rocha não atendeu a reportagem. Em uma rede social, ele afirmou que segue aliado ao governador.

"A política está sempre acompanhada de boatos. A verdade é que minha amizade com Flávio Dino é sólida, baseada em respeito mútuo e diálogo. Por isso, seguimos firmes no projeto de trabalhar por um Maranhão melhor", disse.

Caso caminhe para um rompimento com Flávio Dino, Weverton repetirá a mesma trajetória do senador Roberto Rocha, eleito em 2014 com o apoio do governador e que depois virou seu adversário.

Entre os aliados mais próximos de Dino, o apoio do DEM e do PDT a Braide foi recebido com surpresa. O deputado federal Márcio Jerry (PC do B) afirmou que havia uma espécie de entendimento para que o candidato da base que fosse ao segundo turno fosse apoiado pelos demais.

"Temos dois campos em disputa. Braide é da oposição ao governador Flávio Dino e Duarte é da base de apoio. Esta é a razão pela qual não temos dúvida alguma quanto ao nosso apoio ao candidato Duarte", afirmou.

Em uma rede social, o deputado chamou Braide de "candidato bolsonarista" e afirmou que este faz "oposição ferrenha" ao governador. Na campanha, contudo, Braide tem evitado relacionar sua candidatura ao presidente Jair Bolsonaro.

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