Nó no trânsito

Eleições 2020: Ônibus ruins e engarrafamentos são focos na disputa em Nova Lima

Candidatos querem rever contrato com concessionárias do transporte público e propõem até VLT

Por Bruno Menezes
Publicado em 07 de outubro de 2020 | 06:00
 
 
 
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A qualidade da mobilidade urbana em Nova Lima, na região metropolitana da capital, é constantemente citada pelos candidatos que disputam a prefeitura. Engarrafamentos em vias importantes, preço alto da passagem de ônibus e condições dos veículos do transporte coletivo estão entre as reclamações da população levantadas pelos postulantes, em especial os da oposição à atual administração. 

A falta de concorrência entre as concessionárias do setor também é levantada como uma hipótese para as deficiências, e quem paga por um serviço de baixa qualidade é o usuário. 

O advogado Dr. Juarez (Solidariedade) defende que os problemas de mobilidade chegam a afetar a geração de empregos no município. Ele deu como exemplo uma conversa com empresários do Vila da Serra, que teriam afirmado que, como a passagem de ônibus do centro da cidade até o bairro é cara, fica mais em conta contratar quem mora em Belo Horizonte.

“Devido ao preço da passagem, eles são praticamente obrigados a contratar pessoas de Belo Horizonte, em vez de pessoas de Nova Lima. A passagem do centro para o bairro é R$ 7,50, se não me engano. Às vezes precisa ter algum tipo de corte, e onde eles vão primeiro? No trabalhador que mora em Nova Lima”, explica o candidato, que também diz defender melhores condições dos veículos e um estudo para dar fim aos engarrafamentos.

Engarrafamentos

Na avaliação do candidato Jobert Jobão, da UP, a mobilidade urbana no município é “péssima” tanto ao se falar em transporte coletivo quanto em relação aos veículos particulares. 

“Nova Lima tem que passar por uma reformulação no centro da cidade. Nós já temos engarrafamentos lá há algum tempo. Não há integração dos bairros. E é preciso que a gente faça uma revisão dos contratos com as empresas, porque a passagem é muito cara”, afirma. 

A falta de fiscalização das concessionárias de ônibus é tida como o principal problema pelo candidato Sergio Americano Mendes (Podemos). Para ele, a “falta de pulso da prefeitura” faz com que as empresas não melhorem o serviço. “Queremos acabar com a malandragem. Jamais vou perseguir empresas, mas elas vão ter que cumprir o horário, manter os ônibus limpos, melhorar a frota. Porque, se não fizerem isso, eu vou ter que usar o poder que a prefeitura tem”, diz.

Além de defender mudanças no transporte e a construção de um terminal intermunicipal, Soldado Flávio de Almeida (PT) aposta na construção de ciclovias. “A gente não tem hoje ciclovia nenhuma na cidade. Temos que ter (ciclovias) na MG–030 e nos nossos corredores para atender a população”, defende. 

Com um projeto um pouco mais ousado e que dependeria de diálogo com a Prefeitura de Belo Horizonte, o ex-prefeito de Nova Lima Carlinhos Rodrigues (PDT) defende que uma das saídas para resolver o problema do trânsito e melhorar o transporte coletivo seria implantar o sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entre Nova Lima e a capital mineira. 

“Precisamos tirar os ônibus da MG–030. Precisamos pensar ambiciosamente em um projeto de VLT que nos levasse até a área do Vila da Serra, que tem uma área abandonada, e daí a gente fazer um entreposto, uma conexão com Belo Horizonte. Ele deixaria os moradores de Nova Lima na capital para pegar ônibus para outras regiões”, explica Rodrigues.

Concorrência

Apenas duas concessionárias são responsáveis pelo transporte coletivo em Nova Lima: uma cuida do transporte municipal, e a outra do intermunicipal. Mesmo sendo do mesmo partido do atual prefeito da cidade, Vitor Penido (DEM), o vereador Wesley de Jesus (DEM) confirma os problemas de mobilidade e diz querer abrir a “caixa-preta” do transporte da cidade. 

“O transporte é desrespeitoso com os nova-limenses, e temos apenas uma empresa, não há concorrência no transporte municipal. Uma das nossas propostas é abrir a caixa-preta. E queremos também regularizar o transporte suplementar, que já ocorre em outras cidades, como Belo Horizonte”, pontua. 

O atual vice-prefeito, João Marcelo Dieguez (Cidadania), reconhece que há um descompasso entre o crescimento da cidade e da população e a oferta do transporte coletivo e diz que este é um desafio para a próxima gestão. 

“Teve ano que conseguimos não aumentar a passagem, em outro teve que seguir o estabelecido. Mas temos que manter uma cobrança constante da concessionária por um bom serviço”, aponta.

 

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