O TEMPO CHECAGEM

É falso que a campanha do candidato João Vítor Xavier esteja quebrada

Material sem autoria engana quanto a contabilidade e doador

Por BERNARDO ALMEIDA
Publicado em 04 de novembro de 2020 | 09:00
 
 
 
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Um vídeo compartilhado pelo WhatsApp afirma que a campanha de João Vítor Xavier (Cidadania), candidato a prefeito de Belo Horizonte, está financeiramente quebrada. “A campanha de João Vítor Xavier quebrou e não conseguirá pagar nem as pessoas e fornecedores que já estão contratados”, diz uma voz automatizada, enquanto imagens do material do candidato para a TV são exibidas.

O vídeo diz que basta uma consulta ao site de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para verificar o desfalque nas contas de João Vítor Xavier, em que as despesas excedem a receita em quase R$ 3 milhões.

O Tempo Checagem apurou a história, que é falsa. As despesas estão, de fato, maiores que a receita do candidato no site do TSE, o que não indica que a campanha esteja no vermelho, como alegado.


É o que garante o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), que disse em nota que “o fato de o candidato atualmente apresentar maior volume de despesas do que receitas não representa irregularidade. Neste momento, nada acontece, pois o candidato, conforme a legislação atual, pode arrecadar recursos após as eleições e até o dia de apresentar a prestação de contas final, para quitar dívidas de campanha assumidas até o dia da eleição. No momento da prestação de contas final ele deverá estar com toda a dívida quitada”.

A nota do TRE diz ainda que, nos casos em que a candidatura não quitar a dívida, o partido poderá assumi-la.

O vídeo disseminador de conteúdo falso vai além e afirma que a situação é preocupante nos bastidores porque um dos doadores de campanha de João Vítor Xavier, o empresário Ricardo Guimarães, do banco BMG, é alvo de uma operação e pode ser preso a qualquer momento, impedindo que faça mais doações ao candidato.

Mas basta acessar o mesmo site de prestação de contas do TSE, a que o próprio material audiovisual aludiu anteriormente, para verificar que o empresário não doou para essa candidatura.

A informação de que o empresário é alvo da operação e está prestes a ser preso tampouco se sustenta. O prédio da BMG foi alvo de uma operação da Polícia Federal e da Receita Federal de combate a esquemas de lavagem de dinheiro e sonegação na semana passada, quando conduziram ações de busca e apreensão em endereços ligados ao banco BMG, mas a prisão de Guimarães é mera especulação.

João Vítor Xavier se pronunciou sobre o material difamatório contra ele: “Lamento o crime que foi cometido, porque o que fizeram foi criminoso. Nós já pedimos ao TRE-MG a apuração desse crime, desses disparos em massa contra a minha campanha, e gostaria que a Justiça e a polícia nos dissessem quem está pagando para que seja disparado vídeo em massa contra a minha campanha”. Ele falou ainda que, nas quatro eleições que já disputou, jamais saiu devendo um real sequer.

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