Candidato a vice-prefeito na chapa com Áurea Carolina (PSOL), Leonardo Péricles é o presidente do mais recente partido político criado no Brasil, pelo qual concorre ao cargo de vice-prefeito: a Unidade Popular (UP). A legenda foi criada em dezembro de 2019 e disputa sua primeira eleição, com candidaturas em pelo menos 15 estados.
Além dos dois partidos, também compõe a Frente de Esquerda BH em Movimento, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), formando a única aliança de esquerda que disputa a prefeitura de Belo Horizonte nas eleições deste ano. Outros partidos de esquerda concorrem sozinhos, caso do PT, PCdoB, PSTU e PCO.
Segundo Péricles, a coligação surgiu de uma necessidade de unidade dos partidos de esquerda, especialmente “nesse momento em que há uma ascensão de ideias conservadoras, de extrema-direita e fascistas no Brasil”, disse. E completou: “Dessa forma, a gente buscou no Brasil todo estabelecer frentes de esquerda e aqui, foi um dos lugares em que a gente logrou êxito, e conseguimos desenvolver essa aliança”.
Movimento estudantil
Leonardo Péricles começou sua trajetória política no movimento estudantil secundarista no final dos anos 90. Nessa época, ele fundou a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (AMES), sendo seu primeiro presidente, e também foi diretor mineiro da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).
Já durante o período em que cursou Biblioteconomia na UFMG, ele se tornou presidente do Diretório Acadêmico do curso e também diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 2009 e 2010. “Essa foi minha última fase no movimento estudantil e, nesse período todo, nós desenvolvemos a luta pelo meio passe estudantil em BH, que era a única capital que não tinha. E o resultado foi que, após dez anos de manifestação, essa luta culminou na vitória em 2011, quando foi aprovado na Câmara Municipal o projeto de lei que vale até hoje. É limitado, mas foi aprovado e foi a última capital que teve esse direito garantido”.
Luta por moradia
Hoje, ele é um dos líderes nacionais do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e vive na Ocupação Eliana Silva, na região do Barreiro, que completou oito anos em agosto deste ano e foi a primeira a conquistar energia elétrica e água encanada em Belo Horizonte.
“A Eliana Silva, nos primeiros quatro anos, a gente conseguiu conquistar ligação oficial de água e a ligação oficial de luz e esgoto. Isso não acontecia há quase 20 anos em Belo Horizonte. O último ciclo de ocupações que iniciaram o processo de regularização tinha ocorrido há cerca de 20 anos. Foram duas décadas em que a gente vivia um processo de criminalização das ocupações. A Eliana Silva serviu pra quebrar esse paradigma”, relembra.
Ele conta que, nos últimos anos, participou de diversas lutas encampadas pela esquerda no Brasil, como as manifestações de junho de 2013 e contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Também está presente em diversas ocupações urbanas que surgiram na capital nos últimos anos.
“Eu estive presente em todas as lutas que aconteceram nesse período mais recente: as jornadas de junho de 2013; na ocupação da Câmara e da Prefeitura; nas principais greves; no conjunto de outras ocupações que foram surgindo, como as ocupações da Izidora; as outras ocupações que ocorreram no vale onde eu moro: a Nelson Mandela e a Paulo Freire; as manifestações e lutas contra o golpe institucional que culminou no impeachment da ex-presidenta Dilma; depois nas jornadas de luta contra as reformas da Previdência e trabalhista. Enfim, em todas elas a gente buscou estar presente”, contou.
Criação da UP
Foi inclusive a partir de 2013 que, segundo ele, surgiu a ideia de fundar um novo partido político. “Em 2013, nas jornadas de junho, o balanço que nós fizemos - nós do MLB e outros movimentos, como o Movimento de Mulheres Olga Benário, o Movimento Luta de Classes , que é uma corrente sindical nacional, e o organização de jovens chamado União da Juventude Rebelião - nos levou à conclusão de que havia um esgotamento da maioria dos atuais partidos e como a gente não se sentia representado por nenhum deles, a gente decidiu construir um novo partido que resgatasse princípios que, na nossa opinião, nunca deveriam ser tido abandonados pela esquerda”, disse.
Sem citar qualquer partido, ele afirma a ideia da UP era unificar “a luta institucional com a luta popular. O grande problema que nós achamos hoje é que: ou o partido se limita apenas à ação parlamentar, ou se limita a fazer uma ação fora do parlamento, mas não consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E, para nós, o grande desafio que a esquerda tem no Brasil é saber unir essas duas coisas”, completou.