Eleições em BH

Vice de Áurea na disputa pela PBH, Léo Péricles defende união das esquerdas

Representante da UP, partido que estreia esse ano nas urnas, afirma que aliança na capital mineira pode servir de exemplo para união das esquerdas no Brasil

Por Thaís Mota
Publicado em 09 de novembro de 2020 | 15:30
 
 
 
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Candidato a vice-prefeito na chapa com Áurea Carolina (PSOL), Leonardo Péricles é o presidente do mais recente partido político criado no Brasil, pelo qual concorre ao cargo de vice-prefeito: a Unidade Popular (UP). A legenda foi criada em dezembro de 2019 e disputa sua primeira eleição, com candidaturas em pelo menos 15 estados. 

Além dos dois partidos, também compõe a Frente de Esquerda BH em Movimento, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), formando a única aliança de esquerda que disputa a prefeitura de Belo Horizonte nas eleições deste ano. Outros partidos de esquerda concorrem sozinhos, caso do PT, PCdoB, PSTU e PCO.

Segundo Péricles, a coligação surgiu de uma necessidade de unidade dos partidos de esquerda, especialmente “nesse momento em que há uma ascensão de ideias conservadoras, de extrema-direita e fascistas no Brasil”, disse. E completou: “Dessa forma, a gente buscou no Brasil todo estabelecer frentes de esquerda e aqui, foi um dos lugares em que a gente logrou êxito, e conseguimos desenvolver essa aliança”. 

Movimento estudantil

Leonardo Péricles começou sua trajetória política no movimento estudantil secundarista no final dos anos 90. Nessa época, ele fundou a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (AMES), sendo seu primeiro presidente, e também foi diretor mineiro da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

Já durante o período em que cursou Biblioteconomia na UFMG, ele se tornou presidente do Diretório Acadêmico do curso e também diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 2009 e 2010. “Essa foi minha última fase no movimento estudantil e, nesse período todo, nós desenvolvemos a luta pelo meio passe estudantil em BH, que era a única capital que não tinha. E o resultado foi que, após dez anos de manifestação, essa luta culminou na vitória em 2011, quando foi aprovado na Câmara Municipal o projeto de lei que vale até hoje. É limitado, mas foi aprovado e foi a última capital que teve esse direito garantido”.

Luta por moradia

Hoje, ele é um dos líderes nacionais do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e vive na Ocupação Eliana Silva, na região do Barreiro, que completou oito anos em agosto deste ano e foi a primeira a conquistar energia elétrica e água encanada em Belo Horizonte.

“A Eliana Silva, nos primeiros quatro anos, a gente conseguiu conquistar ligação oficial de água e a ligação oficial de luz e esgoto. Isso não acontecia há quase 20 anos em Belo Horizonte. O último ciclo de ocupações que iniciaram o processo de regularização tinha ocorrido há cerca de 20 anos. Foram duas décadas em que a gente vivia um processo de criminalização das ocupações. A Eliana Silva serviu pra quebrar esse paradigma”, relembra.

Ele conta que, nos últimos anos, participou de diversas lutas encampadas pela esquerda no Brasil, como as manifestações de junho de 2013 e contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Também está presente em diversas ocupações urbanas que surgiram na capital nos últimos anos.

“Eu estive presente em todas as lutas que aconteceram nesse período mais recente: as jornadas de junho de 2013; na ocupação da Câmara e da Prefeitura; nas principais greves; no conjunto de outras ocupações que foram surgindo, como as ocupações da Izidora; as outras ocupações que ocorreram no vale onde eu moro: a Nelson Mandela e a Paulo Freire; as manifestações e lutas contra o golpe institucional que culminou no impeachment da ex-presidenta Dilma; depois nas jornadas de luta contra as reformas da Previdência e trabalhista. Enfim, em todas elas a gente buscou estar presente”, contou.

Criação da UP

Foi inclusive a partir de 2013 que, segundo ele, surgiu a ideia de fundar um novo partido político. “Em 2013, nas jornadas de junho, o balanço que nós fizemos - nós do MLB e outros movimentos, como o Movimento de Mulheres Olga Benário, o Movimento Luta de Classes , que é uma corrente sindical nacional, e o organização de jovens chamado União da Juventude Rebelião - nos levou à conclusão de que havia um esgotamento da maioria dos atuais partidos e como a gente não se sentia representado por nenhum deles, a gente decidiu construir um novo partido que resgatasse princípios que, na nossa opinião, nunca deveriam ser tido abandonados pela esquerda”, disse.

Sem citar qualquer partido, ele afirma a ideia da UP era unificar “a luta institucional com a luta popular. O grande problema que nós achamos hoje é que: ou o partido se limita apenas à ação parlamentar, ou se limita a fazer uma ação fora do parlamento, mas não consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E, para nós, o grande desafio que a esquerda tem no Brasil é saber unir essas duas coisas”, completou.

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