Prazer em falar

Conheça o dirty talk e veja como usá-lo para apimentar o sexo

Dirty talk (conversa suja, do inglês) funciona como uma troca de palavreado chulo para esquentar a relação

Por Laura Maria
Publicado em 26 de abril de 2024 | 06:00
 
 
 
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A engenheira Larissa, de 31 anos, lembra-se bem da primeira vez que praticou o dirty talk (conversa suja, em português). Ela e o namorado, com quem se relaciona há seis anos, ligaram a TV do motel para conferir o conteúdo da transmissão. “Acreditem, não estava passando ‘Jornal Nacional’”, brinca. A tela exibia um filme adulto, no qual o casal de atores usava um vocabulário “bem ousado”, que deixou Larissa e o namorado excitados a ponto de querem falar daquela maneira também. “Confesso que achei que ficaria tímida, mas quando se está com alguém que ama e, principalmente, confia, as coisas fluem naturalmente”, relembra.

Desde aquele dia, o dirty talk entrou na relação do casal definitivamente. “Além de dar mais tesão, é uma forma de sair da rotina. É estimulante tanto para mim quanto para ele”, revela. A expressão do inglês é melhor entendida por aqui como uso de palavras chulas e expressões sensuais durante o sexo. Ou como simplifica a sexóloga Allys Terayama: “é a boa e velha sacanagem ao pé do ouvido.” A ideia de usar palavras chulas, xingamentos ou palavrões na hora da transa é provocar uma atmosfera excitante entre os parceiros de cama. 

“Eu sempre falo: dentro de quatro paredes, pode tudo! Você se permite viver aquilo ali de maneira intensa, por meio da escuta e da fala. Na hora do sexo, você sempre diz o que está sentindo. Então, se tem muito tesão, você pode expressar isso, a depender da conexão entre o casal”, evidencia a sexóloga. O palavreado chulo ajuda a manter quentes, inclusive, relacionamentos longevos ou a distância. “As sacanagens são um marco para casais que não se veem sempre. A troca de palavras, mesmo que no WhatsApp, por telefone ou por chamada de vídeo, realmente excita”, elabora a especialista. 

Foi assim, inclusive, que a doutoranda Marina, de 28 anos, começou a praticar o dirty talk. “Comecei a testá-lo por meio do sexo on-line. Como virtualmente existe menos timidez, fui me soltando à medida que vi que isso multiplicava meu prazer. A partir daí, fui adotando a prática sempre que possível”, explica. “No meu dia a dia, sou muito comunicativa. A fala é a minha forma de me expressar. No sexo, não teria como ser diferente. É dessa forma que expresso meu desejo e me sinto desejada”, diz.

Vencendo a timidez

Vivendo um relacionamento há dez anos, Marina conta que ela e o marido quase sempre utilizam palavras de baixo calão nos momentos mais íntimos, justamente porque gostam de “um sexo mais forte e agitado.” No entanto, nem sempre foi assim. “No início, ele era mais tímido, mas à medida que fui falando e expressando para ele minha vontade de ouvir certas coisas, ele pegou pela prática. Sempre respeitei o tempo e os limites dele”, comenta.

Estimular o outro é, inclusive, um dos conselhos que a sexóloga Allys Terayama dá para quem nunca se expressou dessa maneira, por mais que sinta vontade. “Talvez um homem mais tímido tenha dificuldade para lidar da mulher que gosta, que se excita quando escuta certas palavras. Então, nesse caso, deve-se desenvolver um exercício para que ela também fomente a mentalidade do seu parceiro. Mas tudo depende do momento e da hora certa. A primeira vez pode até ser mais desconfortável, mas depois acaba surgindo uma combinação entre o casal”, indica a especialista em sexologia forense.

Primordial, no entanto, manter o respeito de todas as partes e saber esclarecer certos limites. “Há pessoas que podem se ofender com determinados tipos de palavras, especialmente as pejorativas. Então, você pode simplesmente virar para o seu parceiro e dizer: ‘não gostei da maneira que você me chamou’, e isso se torna um alerta para que, na próxima, não aconteça novamente”, pontua Allys.

Por onde começar?

O dirty talk pode começar antes mesmo do ato sexual em si, como numa mensagem excitante enviada para o celular do parceiro logo no início do dia ou uma conversa mais íntima na hora do almoço. No hora do “vamos ver”, a sexóloga Allys Terayama sugere que o casal invente narrativas entre si. “Comecem a formar histórias que podem dirigir todo o roteiro do sexo”, aconselha.

Larissa, por exemplo, gosta de elaborar um contexto para o sexo quando está na cama com o companheiro. “Tem uma fantasia gostosa que tivemos. Estávamos em uma festa junina no interior, eu estava vestida a caráter, e as coisas começaram a apimentar. Brincamos que eu era a mocinha do interior conhecendo o rapaz da cidade grande. Nessa hora, a imaginação voa. E com certeza as conversas chulas ajudam demais a criar o cenário ideal da fantasia”, relembra.

O mais importante para Larissa é se permitir, especialmente porque o tema ainda é um tabu para muitas mulheres. “Às vezes, nos vemos reprimidas e julgadas por realizar fantasias e buscar algo que nos ajuda a alcançar nosso prazer. Mas, para nós, o prazer vem muito do psicológico, da nossa liberdade, da nossa confiança no parceiro na cama”, sugere a engenheira.

Os nomes Larissa e Marina não fictícios
 
 
 

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