Editorial

Camisa de time não é fantasia de bandido

A reincidência não é rara nesse meio. Os grupos que se vestem de torcedores para a prática do crime têm seus membros de carteirinha, o que revela a certeza da impunidade

Por O Tempo
Publicado em 30 de março de 2024 | 07:05
 
 
 
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As horas que antecedem um Atlético e Cruzeiro deveriam ser de pura empolgação, mas os episódios recorrentes de violência colocam a segurança pública no topo das preocupações no dia do clássico.

A partida de hoje é cercada por um planejamento especial da Polícia Militar de Minas Gerais que inclui reforço no monitoramento também dos bairros mais distantes da Arena MRV, e não só no bairro Califórnia, região Oeste da capital mineira.

A ampliação do campo de patrulhamento acontece após a morte de um torcedor no dia 2 de março, quando Atlético e Cruzeiro jogaram no mesmo dia em estádios diferentes – Independência e Mineirão – pelo Campeonato Mineiro. Lucas Elias Vieira Silva, 28, foi assassinado no Barreiro, bem distante das arenas onde ocorriam os jogos naquela tarde.

Por mais que as forças de segurança empenhem seu potencial máximo de recursos humanos e materiais, é impossível estar em todo lugar a todo momento. Quem vê no futebol o terreno para a prática da violência precisa de apenas uma fração de segundos para exercer o mal.

Por isso os potenciais infratores devem temer a força não só da polícia, mas da Justiça. O último trágico episódio, por exemplo, teve a participação de um homem reincidente em brigas de torcida.

A reincidência não é rara nesse meio. Os grupos que se vestem de torcedores para a prática do crime têm seus membros de carteirinha, o que revela a certeza da impunidade. 

Os países que reduziram a violência relacionada ao futebol só tiveram sucesso com medidas rígidas de acompanhamento dos infratores, como a obrigatoriedade de apresentação às autoridades em dias de jogos.

A identificação dos agressores vem se tornando mais fácil com as tecnologias de biometria e câmeras de alta potência. Essas técnicas devem ser incorporadas cada vez mais no combate à violência no futebol. 

O esporte não pode ser um mundo à parte onde tudo é permitido, assim como as cores de um clube não são fantasias de criminosos. 

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