OPERAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Suspeito de fazer ameaças de morte e estupro a deputadas mineiras é preso em Pernambuco

Deputadas estaduais de Minas denunciaram, em 2023, diversas ameaças de morte e estupro corretivo; investigação do Ministério Público chegou ao principal suspeito

Por Mariana Cavalcanti
Publicado em 07 de maio de 2024 | 12:10
 
 
 
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O principal suspeito de fazer ameaças de estupro e morte contra deputadas mineiras foi preso preventivamente na manhã desta terça-feira (7). O homem foi encontrado em Olinda, cidade do Pernambuco, e é acusado de ter liderado uma série de ameaças contra as deputadas estaduais Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT).

A prisão foi resultado de uma força-tarefa organizada pelo Ministério Público mineiro, com apoio das polícias Civil e Militar de Minas Gerais e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Pernambuco. 

Após investigação iniciada em 2023, o Ministério Público e a Polícia Civil descobriram que os ataques estavam ligados a fóruns online conhecidos como "chans". Os integrantes dos fóruns compartilhavam conteúdos de incitação à violência, pedofilia e necrofilia, com imagens de estupros, assassinatos, mutilações e exploração sexual infantil. 

Em agosto do ano passado, as autoridades conseguiram identificar parte dos usuários envolvidos e o principal líder do grupo, conhecido como "Leon" ou "Grow". Ele foi identificado como o responsável pelas ameaças contra as deputadas e por coagir adolescentes a se machucarem e enviar fotos nuas.

"Leon" foi preso nesta terça-feira e teve computadores, telefones e pen drives apreendidos. O suspeito será transferido para o sistema prisional de Minas Gerais para responder ao processo.

Relembre caso

No final de 2023, diversas políticas mineiras denunciaram uma série de ameaças de morte e estrupo corretivo na internet. Ao todo, foram pelo menos 8 parlamentares ameaçadas. 

Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a deputada Lohanna França fez duas denúncias em menos de dois meses. Ela relatou que havia recebido as ameaças no seu e-mail institucional. As deputadas Beatriz Cerqueira (PT) e Bella Gonçalves (PSOL) também fizeram denúncia contra ameaçadas recebidas. 

Ao mesmo tempo, as vereadoras Iza Lourença e Cida Falabella, ambas do PSOL, também foram vitimas de ameaças. Em 2022, a deputada estadual Andreia de Jesus (PT) também havia sido alvo de um ataque semelhante. 

No interior, as vereadoras Cláudia Guerra (PDT) e Amanda Gondim (PDT), de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, afirmaram ter recebido um e-mail com ameaças de "estupro corretivo", em setembro de 2023. 

Em março deste ano, o promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate a Crimes Cibernéticos (Gaeciber), Mauro Ellovitch, conversou com O TEMPO sobre as investigações. Ele explicou que o uso de comunicação criptografada e de provedores fora do país são os principais empecilhos para a identificação dos autores, que seguem à solta. 

O Ministério Público não informou se o suspeito preso nesta terça-feira (7) também seria acusado de praticar o crime contra essas parlamentares. A vereadora Iza Lourença, entretanto, afirmou à reportagem que confirmou com a Delegacia da Polícia Civil de Crimes Cibernéticos que o grupo de atuação é o mesmo. Ela comentou sobre o caso em plenário na Câmara Municipal: 

“Quando nos ameaçaram tinham certeza que iam ficar impunes, porque ficamos durante todos esses meses com nossa liberdade cerceada. A nossa liberdade foi cerceada e acharam que não ia acontecer nada. A gente não se calou, cobramos todos os dias que a justiça fosse feita. Se achou que com as ameaças dele ia conseguir nos tirar da política, agora quem está preso é ele. Quem está sem liberdade é ele. E não mais a gente que vai sentir medo. Espero que ele esteja com medo neste momento”.

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