Diva atemporal

Livro de escritores brasileiros destaca o vanguardismo de Madonna

A autora Thati Aquino defende que a Rainha do Pop soube, ao longo de 40 anos de carreira, usar a controvérsia a seu favor

Por Raphael Vidigal Aroeira
Publicado em 04 de maio de 2024 | 06:00
 
 
 
normal

O título do livro recém-lançado pela carioca Thati Aquino em parceria com o aracajuano José Fontes Netto deixa claro o que a autora faz questão de ressaltar: “Madonna e vanguarda não se separam”, garante Thati. Com edição da Dialética, “Madonna – 40 anos de Vanguarda”, procura analisar a trajetória da “artista viva mais bem-sucedida da história da indústria fonográfica”, rivalizando, em termos gerais, somente com Michael Jackson (1958-2009), o outro astro do pop. Os números atestam esse reinado, com 400 milhões de cópias de discos e US$ 1,3 bilhões de ingressos vendidos ao longo de uma carreira prolífica e intensa que soube transformar a controvérsia em marca de sucesso pessoal.

“Na cultura pop, houveram outras mulheres antes que tiveram relevância e foram importantes para a construção do arquétipo da mulher, mas nenhuma outra, e nenhum outro, causaram um impacto tão profundo quanto Madonna”, argumenta Thati, que enfatiza o simbolismo do singular nome de batismo com o qual a estrela resolveu enfrentar os holofotes, que, em italiano, representa Nossa Senhora, a mãe de Jesus na religião cristã, e também expressa a imagem idealizada da mulher em várias culturas. A coincidência aumenta a impressão corrente de que Madonna já nasceu predestinada. 

“Ela inaugura o status de diva pop, numa época em que o que se ouvia e se respeitava eram artistas homens ou bandas de rock”, pontua Thati, que enumera atitudes vanguardistas de Madonna, como reproduzir “uma persona super-feminina, objetificar o próprio corpo, empreender turnês colossais que remetem às óperas-rocks da Broadway, trabalhar com artistas de outras vertentes, como David Fincher, Mary Lambert, Jean Baptiste Mondino, Versace, Dolce & Gabanna e Jean Paul Gaultier, sair em defesa dos gays numa época em que a comunidade era marginalizada e devastada pela epidemia de Aids, propor outro tipo de feminismo, no qual as mulheres não precisam abrir mão da sua feminilidade para exigir igualdade entre os gêneros, trazer a música eletrônica para a cena pop, e, inclusive, chamar a Igreja Católica para a briga”, o que valeu sua excomunhão por videoclipes ousados, como “Like A Prayer”, de 1989.

“Nem todos conhecem Taylor Swift e nem todos conhecem Mick Jagger, mas Madonna está no inconsciente coletivo do pop, desde a elite até a periferia, todo mundo reconhece a voz de ‘Like a Virgin’”, compara Thati. Enquanto celebridades como Michael Jackson e Lady Di sucumbiram à mídia sensacionalista e tiveram “a credibilidade abalada por polêmicas”, Madonna “soube tracionar o escândalo a seu favor”.

“Isso acontece de maneira espontânea e nada planejado, o que torna a sua controvérsia ainda mais especial. Tudo que ela faz de polêmico é genuíno, vem de uma resposta à morte da mãe, de uma reação à criação moralmente rigorosa que recebeu do pai, da memória dos seus primeiros anos em Nova York”, conjectura Thati, sobre a artista que “deu às mulheres todos os exemplos possíveis a respeito de ‘ser mulher’”.

“Desde a garota bonita e super feminina àquela que vai exibir seu corpo nu por livre e espontânea vontade, falando sobre suas fantasias sexuais”. A escritora não duvida que Madonna, “seguirá em frente, produzindo e se arriscando a criar algo novo”. “Ela não está cansada e nem se despedindo. Ela segue faminta, desejosa e ambiciosa”, finaliza.

Serviço

O quê. Livro “Madonna – 40 anos de Vanguarda”, de Thati Aquino e José Fontes Netto

Quando. Já está à venda de maneira online 

Onde. Pelo site da editora Dialética 

Quanto. R$123,00 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!