O Brasil tem de ficar atento aos desdobramentos da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar importações brasileiras em 50% a partir de agosto, e ter cautela em aplicar reciprocidade ao sobretaxar produtos norte-americanos. Na avaliação do economista Paulo Casaca, da Fundação IPEAD/UFMG - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de MG, poderia ter efeitos na inflação, afetando preços de vários setores brasileiro que dependem de insumos importados. 

Um exemplo seria derivados do trigo, como o pão. O Brasil depende do produto que vem de fora, e os EUA têm importância na venda de trigo para o Brasil, ao lado da Argentina. Encarecer o insumo acarretaria em alta de preço no mercado interno.


"Gerar sobretaxa contra os EUA pode afetar preços no Brasil e, inclusive, afetar a popularidade do presidente Lula", analisa o economista. Outra pressão é sobre o câmbio. O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (10), após o anúncio de Trump. Se a alta durar por semana, disse Casaca, também há pressão inflacionária no Brasil, que depende de vários produtos importados acabados e, também, insumos para vários setores indústrias. 

Mas, por outro lado, o economista da Fundação Ipead também avalia que pode haver alívio. Os Estados Unidos são grandes consumidores do café e do suco de laranja brasileiro. Se a tarifa de importação afetar a venda desses produtos, aumentaria a oferta no Brasil e o preço poderia recuar no mercado interno.