Vittorio Medioli

Vittorio Medioli

Empresário e político de origem italiana e naturalizado brasileiro, Vittorio Medioli está em seu segundo mandato como Prefeito de Betim. É presidente do Grupo SADA, conglomerado que possui mais de 30 empresas que atuam em diversos segmentos da economia, como logística, indústria, comércio, geração de energia e biocombustíveis, além de silvicultura, esporte e terceiro setor. É graduado em Direito e Filosofia pela Universidade de Milão. Em sua coluna aborda temas diversos como economia, política, meio ambiente, filosofia e assuntos gerais.

Opinião

Homem de poder

O indivíduo de poder deve iluminar, refinar e governar sua força e sua potência pelo conhecimento, pela luz da razão, da religião, da filosofia ou pelo espírito, caso contrário se tornará um mero ser brutal

Por Vittorio Medioli
Publicado em 03 de março de 2024 | 03:00
 
 
 
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Parte de uma lição ministrada pelo iluminado Sri Aurobindo, citada nas páginas 663-664 do livro “A Síntese do Yoga” , se dirige aos homens de poder, aqueles cujas ações determinam e condicionam a vida de muitos outros seres, até de nações inteiras. Com algumas mínimas variações para deixar mais fluido o texto, soa assim.

O aperfeiçoamento da mente comum, do coração, da nossa energia vital (prana) e do corpo nos traz a perfeição da máquina psicofísica que temos que usar e cria certas condições justas nos instrumentos para uma vida, ação e participação realizadas com um poder e um conhecimento mais puros, mais vastos, mais límpidos, mais transformadores.

O indivíduo de poder deve iluminar, refinar e governar sua força e sua potência pelo conhecimento, pela luz da razão, da religião, da filosofia ou pelo espírito, caso contrário se tornará um mero ser brutal.

Ele deve ter a competência que o ajudará a utilizar, administrar e regular da melhor forma sua força, a fim de torná-la criativa e frutuosa, adaptada às suas relações com outros, caso contrário se tornará um tosco condutor de energias descontroladas pelos campos da vida, sem fluir corretamente, apenas se chocando com o que encontra pelo caminho, como um furacão que passa e devasta mais do que constrói. Ele também deve ser capaz de mostrar humildade e obediência, a fim de pôr seu poder ao serviço da humanidade e do mundo, caso contrário se tornará um dominador egoísta, frio, desumano, um cruel tirano, um brutal opressor das almas e dos corpos.

O indivíduo com a mente voltada para o trabalho produtivo deve ter uma mente aberta, investigadora, deve ter ideias e conhecimento, caso contrário se moverá na rotina de suas funções, sem crescer e expandir-se; ele deve ter a coragem e o espírito empreendedor, acrescentar um sentido de serviço às suas aquisições e produções, a fim de não apenas acumular e fruir sua vida, mas de ajudar de maneira consciente a frutificação e a plenitude da vida que o circunda e de que ele aproveita. Precisa sempre pensar em ser útil e não deixar no rastro sofrimentos, humilhações, dores e injustiças.

O indivíduo de labor e serviços se tornará um inútil e danoso se não introduzir o conhecimento, a honra, a aspiração e a competência em seu trabalho, pois só assim – por um pensamento ou uma vontade aberta, por um esforço de contribuição inteligente – poderá elevar-se e evoluir interiormente.

Mas a aproximação da perfeição do homem vem quando ele se amplia para incluir todos os poderes, como inteligência, criatividade, intuição, compaixão e outras (mesmo que um deles possa ser superior e liderar os outros) e abrir-se continuamente à plenitude universal de seu espírito condutor.

O indivíduo, qualquer um, não é talhado segundo o tipo exclusivo de uma aptidão, mas todos os poderes estão nele e agem nele, primeiro numa confusão informe e caótica, mas de nascimento em nascimento ele dá forma e controle a um e outro, e até mesmo progride de um para o outro, de grau em grau, mesmo numa só vida, e se encaminha para o desenvolvimento de sua existência interior. Como classificam na Índia, prepara e expande seu darma, sua bagagem na eterna caminhada.

Nossa própria vida é, ao mesmo tempo, uma investigação minuciosa da verdade e do conhecimento, um conflito e uma batalha de nossa vontade com nós mesmos e com as forças circundantes, uma produção e adaptação constantes, uma aplicação de cada habilidade à vida material, e, se não aprender o sentido de um sacrifício e de serviço com os outros seres e o mundo, apenas por si só, o melhor de tudo será deixado pelo caminho.

Sursum corda (Corações ao alto).

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