Apresentado como novo diretor interino de futebol do Cruzeiro na tarde desta sexta-feira (26), o ex-zagueiro Paulo André reconheceu os erros cometidos pela SAF celeste no processo de escolha de treinadores.
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De acordo com Paulo André, as escolhas feitas pela gestão Ronaldo, em especial após a demissão do português Pepa, não foram felizes.
“Depois do Pepa, na sequência dos treinadores a gente errou bastante. Errou muito. Tentamos estilos diferentes, maneiras diferentes, por questão de mercado", reconheceu, mas assumindo que o clube não manteve a 'coerência' do trabalho, ao optar por comandantes com características muito diferentes entre si, como foi o caso de Zé Ricardo, que teve breve passagem pelo clube.
O novo diretor de futebol do Cruzeiro prometeu se tornar um porta-voz do torcedor. Nesse sentido, afirmou que a SAF tem ciência dos erros, mas entende que, na maioria das vezes, acabaram falhando por excesso.
"A gente tem mais sinais positivos e tô aqui para assumir erro. Não vou fugir de responsabilidade não. Podem me cobrar por isso, tá. Erramos bastante, mas, na minha opinião, erramos dentro de tamanho que a gente podia errar para corrigir a rota", destacou.
Paulo André também afirmou que a permanência de Fernando Seabra, que comandou a equipe interinamente na reta final do Brasileirão do ano passado, ao lado de Paulo Autuori, teria sido o caminho mais correto.
"Acho que a resposta estava em casa desde o dia 1. Queria eu ter votado pelo Seabra pós-Pepa, quando o Seabra fez um jogo contra o Bragantino e foi muito bem”, ponderou.
Mesmo reconhecendo os erros, Paulo André defendeu que não se pode falar em 'terra arrasada' no Cruzeiro.
"A forma como a gente está traduzindo o erro ou o fracasso é de tal maneira que a gente coloque: tivemos três, quatro treinadores no ano passado? Correto. Oscilamos a ponto de correr algum risco de cair (...) E não quer dizer que a gente atingiu o objetivo que tá tudo certo. Em nenhum momento isso foi falado. Nós não fracassamos, não fizemos 'cagada'. Atingimos objetivos sem estourar o orçamento. O que a gente tenta fazer é errar pequeno. E acertar grande. Então vamos corrigindo, tentando controlar, ganhando tempo para esse projeto cada vez ser mais maduro", finalizou.
Desde que Ronaldo assumiu a gestão do Cruzeiro, o clube celeste fez escolhas 'pouco ortodoxas' para o cargo de treinador.
O primeiro a assumir o posto foi o uruguaio Paulo Pezzolano, praticamente desconhecido no futebol brasileiro. Com ele, a Raposa voltou à final do Campeonato Mineiro e, principalmente, conseguiu o acesso à elite, o principal objetivo traçado pela direção.
Entretanto, no ano seguinte, após um péssimo início de Estadual, o treinador acabou demitido. Para seu lugar, a SAF buscou outro comandante fora do mercado nacional: o português Pepa, que, mesmo tendo estilo semelhante ao de Pezzolano, também não resistiu a uma série de resultados negativos no Campeonato Brasileiro.
A grande 'ruptura' veio quando o clube optou pela contratação de Zé Ricardo, de estilo totalmente oposto aos de Pezzolano e Pepa. Com exceção de uma vitória sobre o arquirrival Atlético no clássico, o time colecionou resultados negativos e a solução Seabra/Autuori teve que ser acionada de forma emergencial.
Já para esta temporada, a SAF voltou a apostar em um gringo: o argentino Nicolás Larcamón. E apesar de ter classificado à Raposa na liderança da primeira fase do Mineiro, a eliminação logo na estreia na Copa do Brasil diante do modesto Sousa, da Paraíba, e a perda do título estadual para o Atlético, também fizeram com que o trabalho fosse interrompido.