Entrevista Exclusiva

BYD pretende produzir 150 mil carros por ano na Bahia

Um dos primeiros objetivos é colocar no mercado um modelo híbrido plug-in flex fluel para juntar o morto elétrico com o motor movido a etanol, um combustível verde produzido no Brasil

Por Raimundo Couto
Publicado em 19 de abril de 2024 | 14:30
 
 
 
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Os planos da BYD para o Brasil foram detalhados, nesta entrevista exclusiva a Autotempo, pelo empreendedor Alexandre Baldy, 43, nascido em Goiânia, casado, pai de dois filhos, com larga experiência tanto no mundo político como empresarial. Baldy já foi deputado federal, ministro de estado, secretário estadual em Goiás e São Paulo. Hoje preside o conselho de administração da montadora chinesa que vem tirando o sono de seus concorrentes, pela atuação ousada, assertiva e que mudou as peças do tabuleiro no mercado brasileiro de automóveis.

Além de 100% elétricos a montadora produzira automóveis híbridos usando o etanol

OT. Quais são os principais objetivos estratégicos da BYD para o mercado brasileiro no próximo ano?

Os objetivos estão sempre em torno de atender os anseios do nosso consumidor. Com a expansão da empresa no Brasil, vamos nos consolidar com a instalação do complexo de Camaçari, na Bahia, o que trará de volta o estado aos holofotes da indústria brasileira. Os veículos fabricados no país vão abastecer o mercado interno e poderão ser exportados para a América Latina e temos planos ambiciosos de chegar, nos próximos anos, entre os primeiros no ranking de vendas geral, entre todos os modelos de carros e não somente entre os elétricos onde já lideramos o mercado com vendas que superam a soma de todos os outros concorrentes. Também estamos investindo na abertura de novas concessionárias. Nas próximas semanas, vamos chegar à marca de 100 pelo Brasil e queremos chegar a 200 até o fim do ano, facilitando o acesso dos consumidores aos nossos carros.

OT. Como a BYD pretende expandir sua presença no Brasil em termos de produção local e desenvolvimento de novos produtos?

Nós vamos expandir nossa presença no Brasil com o nosso complexo fabril que está fase de implementação em Camaçari (BA) e que terá capacidade inicial para produzir até 150 mil veículos por ano em sua primeira fase. A produção nacional tornará os nossos produtos ainda mais acessíveis aos consumidores brasileiros. Além disso, vamos criar um centro de pesquisas na Bahia para nos ajudar com o desenvolvimento de novas tecnologias. Um dos nossos primeiros objetivos é colocar no mercado um carro híbrido plug-in flex fluel para juntar o morto elétrico com o motor movido a etanol, um combustível verde produzido no Brasil.

OT. Quais são os planos da BYD para promover a adoção de veículos elétricos no Brasil e impulsionar a infraestrutura de carregamento?

Melhorar a infraestrutura de recarga é um dos nossos principais desafios e isso, certamente, vai impulsionar a adoção de veículos elétricos no Brasil. Fizemos muitos progressos nos últimos meses, mas precisamos ir além já que o Brasil é um país de dimensões continentais. Neste ano, firmamos uma parceria estratégica com a Raízen Power para acelerar a mobilidade elétrica sustentável no Brasil com a instalação de 600 carregadores de alta velocidade em 8 cidades e anunciamos recentemente uma nova linha de carregadores, que estará disponível tanto para uso público quanto privado, além do BYD Recharge, o novo aplicativo para gerenciamento de recarga. Além disso, estamos trabalhando constantemente com os setores público e privado para incentivar a expansão dos pontos de recarga em todo o país.

OT. Como a BYD está abordando os desafios específicos do mercado brasileiro em relação à regulamentação e incentivos para veículos elétricos?

Estamos otimistas! Sabemos que é fundamental o desenvolvimento de políticas que apostem em um consumo consciente para que a reindustrialização do país aconteça com novas tecnologias e infraestrutura que levem o Brasil rumo a um futuro mais verde e sustentável. O programa MOVER, por exemplo, é visto por todos nós com positividade, pois vem para valorizar a tecnologia brasileira e corrobora com a nossa expertise em inovação. Entendemos que a matriz elétrica que temos, com quase 100% da nossa energia gerada modo renovável, e todo o comprometimento sustentável em prática hoje no Brasil contribuíram para balizar a métrica utilizada pelo MOVER, valorizando o carro elétrico. No entanto, novos incentivos como redução de tributos e créditos financeiros são necessários para fortalecer ainda mais o mercado de energia limpa e deixar o Brasil na vanguarda da descarbonização dos transportes.

OT. Podemos esperar novas parcerias ou investimentos da BYD em setores além do automotivo no Brasil?

Sim, pois sempre estamos atrás de soluções e parcerias para um planeta mais sustentável. Além do montante de R$ 5,5 bilhões dedicados ao complexo fabril de Camaçari, recentemente, investimos R$ 6 milhões em um novo laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) localizado em Campinas (SP), que foi inaugurado em dezembro do ano passado. É o primeiro da América Latina a estudar todo o ciclo da produção dos módulos fotovoltaicos desde o beneficiamento do minério de silício – principal matéria-prima dos módulos. Ao todo, já destinamos mais de R$ 65 milhões Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no país, principalmente na área de energia renovável, com os painéis solares.

OT. Como a BYD planeja manter seu compromisso com a sustentabilidade e a inovação tecnológica em seus projetos no Brasil?

Somo uma empresa de tecnologia verde, com a missão de criar inovações tecnológicas para uma vida melhor. Para este compromisso, nos dedicamos constantemente a fornecer soluções energéticas com emissão zero, reduzindo a dependência global de combustíveis fósseis e envolvendo não só a eletrificação de automóveis, mas também a captura de energia solar. Nossos estudos e nossas energias estarão sempre voltados ao nosso objetivo maior: o de reduzir a temperatura da Terra em 1°C, com ajuda do nosso ecossistema, que tem painéis solares para captação de energia, baterias para o armazenamento e diversos modais de transporte que não poluem.

OT. Quais serão os primeiros modelos a serem fabricados na planta brasileira?

Serão fabricados inicialmente o BYD Dolphin, modelo 100% elétrico que revolucionou o mercado de veículos elétricos no Brasil em 2023; o BYD Song Plus, híbrido plug-in que tem autonomia de mais de mil quilômetros, e o BYD Yuan Plus, nosso SUV moderno, tecnológico e 100% elétrico e o Dolphin Mini, nosso modelo recém lançado que já é o carro elétrico mais vendido atualmente no país. Mas outros modelos podem ser incluídos ou alterados no projeto de acordo com as necessidades do mercado local.

OT. Qual a mensagem o senhor passaria para os clientes BYD em relação à confiança na reposição de peças e pneus?

Ressaltaria que estamos trabalhando de forma incansável para que nossos consumidores tenham a melhor experiência possível no atendimento de pós-venda, que chamamos de atendimento 5 estrelas. A BYD já está executando o projeto de expansão do centro de armazenamento de peças, em Cariacica, no ES, de acordo com a projeção de crescimento da marca no Brasil. Portanto, o estoque atual comporta a demanda já prevista e abastece toda a rede de concessionárias. Além disso, com o começo da produção dos veículos no Complexo de Camaçari (BA), entre o fim de 2024 e começo de 2025, começaremos o desenvolvimento de fornecedores locais de peças, o que facilitará ainda mais a reposição de partes e peças. Muitos destes fornecedores ficarão alocados dentro das nossas instalações na Bahia, visando agilizar processos logísticos.

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