Produção em Nova Lima

Fábrica de insulina da Biomm, em MG, acaba com dependência do país de importados

Com investimentos de R$ 800 milhões, unidade da Biomm vai suprir 80% da demanda nacional; cerca de 6 milhões de brasileiros precisam de insulina cotidianamente

Por O Tempo
Publicado em 26 de abril de 2024 | 12:07
 
 
 
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A indústria farmacêutica Biomm inaugurou nesta sexta-feira (26/4) em sua fábrica em Nova Lima (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, unidade de produção de insulina. Os investimentos foram de R$ 800 milhões, segundo informou a empresa. O Presidente Lula marca presença no evento. A capacidade da fábrica é suficiente para suprir mais de 80% da demanda nacional por insulina, de acordo com informações da empresa.

No início de abril, a Biomm recebeu a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a aprovação para produzir a insulina Glargina (Glargilin) em sua unidade de Nova Lima. Segundo a agência, a medida permite que a empresa realize etapas de formulação e envase do produto terminado em território nacional, na fábrica da empresa em Nova Lima. O produto já estava registrado, mas com fabricação exclusiva na China. Há duas décadas, o produto não era fabricado no Brasil. Neste período, toda a insulina consumida no Brasil era importada. Atualmente, mais de 10% da população brasileira tem diabetes e mais de 6 milhões de pessoas precisam de insulina para manter a glicemia em níveis adequados - conforme dados do Ministério da Saúde.

“Trata-se de importante marco para o Brasil considerando o retorno da produção nacional de insulinas, ainda que neste momento seja apenas para as etapas de formulação e envase, refentes ao produto terminado”, afirmou a Anvisa em seu site no dia 2 de abril. De acordo com a Biomm, foram investidos R$ 800 milhões na fábrica de Nova Lima. No local, a capacidade é de produção de até 40 milhões de frascos e carpules (seringas) de biomedicamentos por ano, que, segundo a empresa, irão contribuir para atender mais de 80% da demanda nacional. A previsão é que sejam gerados 300 empregos diretos e 1,2 mil postos de trabalho indiretos.

Segundo a própria empresa, a Biomm detém tecnologia de produção de insulinas “pelo processo de DNA recombinante, que se caracteriza pelo uso de microrganismos em contraste com os processos puramente químicos. Processo que é patenteado nos Estados Unidos da América, Canadá, Europa, Brasil e Índia”. A Biomm recebeu R$ 203 milhões de crédito (Finep, BNDES E BDMG), além de R$ 133 milhões aportados via equity (BNDES e BDMG) para implantar a fábrica. A unidade de 12 mil metros quadrados de área construída deve gerar 300 empregos diretos e 1,2 mil indiretos.

A cerimônia de inauguração da planta industrial tem entre os convidados, além de Lula, as ministras Nísia Trindade (Saúde) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), da primeira-dama (Janja Lula da Silva) e o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman.

A inauguração marca a retomada da produção de insulina no país por uma empresa nacional depois de duas décadas e tem potencial para atender a 1,9 milhão de pacientes. O Brasil é um dos países com maior incidência de diabetes no mundo, com 15,7 milhões de pacientes adultos, segundo o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Durante o evento, a Biomm assinará com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) um protocolo de intenções para desenvolver um programa de cooperação mútua, voltado para plataformas de produção de medicamentos para o tratamento de doenças metabólicas. O objetivo é desenvolver projetos alinhados com políticas de fortalecimento do setor de saúde e de maior autonomia na produção de medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Entre as prioridades estão o desenvolvimento e produção de insulinas e seus análogos, inteligência artificial para monitoramento da diabetes, desenvolvimento de testes para diagnóstico e tratamento de úlceras no pé diabético, desenvolvimento de dispositivos médicos e biomateriais. Recentemente, a Biomm fechou uma parceria com a farmacêutica indiana Biocon para distribuir no Brasil um similar do medicamento Ozempic, da Novo Nordisk. O medicamento tem como princípio ativo a semaglutida, que pertence à classe de medicamentos análogos ao hormônio GLP-1, atuando atua na regulação da glicemia e do apetite.

A Novo Nordisk tem direito de exclusividade sobre semaglutida até expirar a patente do produto, em 17 de julho de 2026. A partir daí, outros fabricantes poderão produzir similares com o mesmo princípio ativo. Os medicamentos da classe GLP-1 incluem a semaglutida e a liraglutida. No Brasil, o mercado desses medicamentos é estimado em R$ 4 bilhões pela IQVIA, sendo que a semaglutida movimenta R$ 3,1 bilhões por ano. Nos últimos dois anos, as vendas do medicamento cresceram 39% ao ano no país. A nova planta industrial está adequada à produção da semaglutida futuramente. Em um primeiro momento, o medicamento será importado da Índia.

A Biomm é orginária da Fundação Biobrás, fundada em 1975. Na época, pesquisadores e empreendedores fundam a empresa para produzir, inicialmente, enzimas extraídas de matérias-primas animais e vegetais. Destinadas à indústria farmacêutica, algumas dessas enzimas eram: pepsina, bromelina, papaína, tripsina, quimotripsina e celulases (microbianas).

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