Minas S/A

BDMG tem R$ 300 milhões para financiar inovação

A temporada Minas S/A Inovação tem hoje o sexto episódio, com Gabriel Viégas Neto, presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), e vai até maio nas plataformas de O TEMPO. Gabriel é administrador de empresas e tem uma experiência de quase 40 anos no setor financeiro.

Por Helenice Laguardia
Publicado em 20 de abril de 2024 | 07:00
 
 
 
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A temporada Minas S/A Inovação tem hoje o sexto episódio, com Gabriel Viégas Neto, presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), e vai até maio nas plataformas de O TEMPO.

Gabriel é administrador de empresas e tem uma experiência de quase 40 anos no setor financeiro. Há 62 anos no mercado, o BDMG – banco estatal, com sede em Belo Horizonte  – registrou lucro líquido recorrente de R$ 163,7 milhões em 2023, o maior da história do banco e 15% superior ao de 2022.

O desembolso total histórico de R$ 2,98 bilhões aos setores público e privado foi 23% superior ao ano anterior. Agora, Gabriel comanda um programa para financiar a inovação em empresas no valor de R$ 300 mihões.

Em 2024, o plano de Gabriel é seguir atuando para ampliar o financiamento, levando crédito a empresas de todos os portes e também às prefeituras.

A seguir, a íntegra da entrevista de Gabriel Viégas Neto: 

HL: Gabriel, você está no Banco BDMG - Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais - há pouco mais de 2 anos, mas na presidência do BDMG há cerca de 1 ano. Como foi a sua trajetória no mercado financeiro?  

GV: Helenice, eu já tenho quase 40 anos de mercado financeiro. Então eu já vivi e já vi muita coisa, passei por diversas crises, sempre com a certeza de que a gente sai mais forte delas. E há dois anos eu tive a grata satisfação de vir para o BDMG, que é um banco que tem um propósito muito meritório, que é de fazer e transformar a vida dos mineiros para melhor. Eu vim em janeiro de 2022, vim junto com o Marcelo Bomfim, nosso saudoso e querido presidente, que infelizmente veio a óbito no último dia 05/04, mas deixou um legado extremamente importante no BDMG.  

HL: Sim, eu conversei com ele aqui também, na temporada Minas S.A., é incrível como ele humanizou a presença do presidente de um banco, né? 

GV: É, eu acho que você falou muito bem. O Marcelo, apesar dele ter ficado apenas 1 ano, ele marcou demais no BDMG e marcou a mim também, porque tive a oportunidade de ser o seu vice-presidente e aprender muito com ele. Ele tinha uma característica que eu admirei muito, que é gostar de pessoas. Ele gostava e se preocupava com os funcionários da casa, e tinha uma preocupação genuína com o desenvolvimento econômico do Estado, era um municipalista e deixou um legado extremamente importante para o banco, que eu tenho, não a pretensão, de forma alguma, mas a intenção de levar esse legado dele, porque nós viemos juntos, fizemos o planejamento juntos, construímos e sonhamos juntos. Eu tenho a intenção firme de continuar o legado do Marcelo Bomfim, que foi um presidente excepcional do BDMG.  

HL: E isso é importantíssimo, não é, Gabriel? A gente sempre conversa um tempo aqui antes de fazer a entrevista, gente, e o que eu reparo em você é que você tem muito desse perfil do conversar, do olhar no olho, não somente com aqueles termos tão duros do mercado financeiro, tão distantes da população, e muito por conta dessa sua experiência, quase 40 anos num banco de varejo, que lida com classe média, alta, baixa, todo tipo de bolso, isso dá muita experiência na hora de lidar com um banco, que é um banco público para ajudar no desenvolvimento de um Estado do tamanho de Minas Gerais, não é?  

GV: Sem dúvida. Assim, o que me deixa muito feliz, Helenice, em ter vindo para o BDMG, é que é um banco que tem propósito. Os bancos privados têm como grande objetivo, e isso é absolutamente legítimo, correto e ético, é gerar valor para o seu acionista. No BDMG, a grande preocupação e o nosso maior propósito é gerar valor para a sociedade. Nós temos uma preocupação central que é gerar emprego, que é também um objetivo central deste governo. Então se a gente puder contribuir, e os números têm dito que nós estamos no caminho certo. Se você me permitir eu queria te dizer que sim, os resultados de 2023 foram muito bons, muito positivos para o banco. 

HL: Foram históricos, né? O Banco nunca teve um resultado desse jeito

GV: Exatamente, Helenice. Nós tivemos um lucro líquido recorrente que foi o maior da história, foram R$163 milhões. Nós tivemos um desembolso recorde.   

HL: E o desembolso aí são empréstimos? 

GV: São empréstimos, são os financiamentos que nós fazemos. 

HL: Financiamentos para as empresas, para as prefeituras, para todo mundo que procura. 

GV: Para o setor público e para o setor privado. Também recorde, nós chegamos a quase 2.98 bilhões. 

HL: Quase R$ 3 bilhões. 

GV: É uma marca histórica. E com o índice de inadimplência, o menor dos últimos 10 anos, 0.9%.   

HL: E isso é importantíssimo, né? 

GV: É importantíssimo, porque certifica a qualidade da carteira.  

HL: Bons pagadores garantem a saúde financeira do Banco para emprestar cada vez mais, né? 

GV: Helenice, só esses números eu diria para você que já seriam motivo de muita comemoração, mas eles não param aí.  

HL: Está no caminho certo, mas dá para avançar, Gabriel? 

GV: Dá. Esses números foram muito bons, mas eu diria para você, o impacto que nós geramos também tem que ser ressaltado. Em 2023, com o trabalho que foi feito pelo BDMG, nós apoiamos ou geramos 112 mil empregos.  

HL: Esse investimento todo gerou e impactou na geração de 112 mil empregos? 

GV: 112 mil empregos. É muita coisa. Eu costumo dizer que o desemprego é tão ruim quanto a doença. Só quem está desempregado sabe a dificuldade, a baixa auto-estima, então isso aí é central para o BDMG, a geração de empregos. Então nós tivemos a satisfação de contribuir para a meta do governo com 112 mil empregos apoiados e gerados. 

HL: E sabe o que o pessoal do setor produtivo me fala, Gabriel? Tanto o Presidente da Fecomércio, que representa o comércio, Nadim Donato, quanto o “Toninho” (Antônio Pitangui de Salvo) da FAEMG, quanto o Flávio (Roscoe), Presidente da FIEMG, que é uma roda, não é? O comércio está bem se tem gente no agro consumindo e criando emprego. Aí ele vai e faz mais pedido para a Indústria. Se não tiver emprego, não tem economia que vai para a frente né? E o Banco está nessa linha de ser um agente parceiro disso tudo. 

GV: Sem dúvida, a gente tem um entendimento que desenvolvimento é emprego. Então é nisso que a gente tem focado. A produção da riqueza está no setor produtivo, e só o excedente da riqueza distribuído entre o restante da sociedade é que faz com que o desenvolvimento se instaure. Então nós estamos nessa toada de qualificar os nossos empréstimos, para que o nosso público entenda melhor, nós passamos a fazer empréstimos basicamente em projetos de investimentos. Quando eu falo projeto de investimentos é a expansão de uma fábrica, é a expansão de um salão de beleza, a expansão de uma padaria, é a reforma, é tudo aquilo que gera riqueza. 

HL: A compra de um equipamento para fazer um outro produto dentro da empresa, não é? 

GV: Isso. Aumentando o faturamento da empresa, ela vai precisar de mais pessoas para trabalhar, ela vai contratar mais gente, e essas pessoas vão ter um emprego qualificado, vão ter uma renda e vão consumir. Ao consumir, essa roda gira e esse ciclo virtuoso se fecha. Por isso é tão importante que a gente foque na geração de emprego, mas eu te diria assim, no ano passado, em 2023, além da gente ter gerado e apoiado 112 mil empregos, a gente gerou 158 milhões de ICMS que foi para o caixa do Estado. 

HL: É arrecadação. 

GV: Arrecadação. Ao fortalecer o caixa do Estado, a gente está fortalecendo a prestação de serviços para a sociedade. Então o banco tem contribuído na geração de resultado, na geração de emprego e na geração de fortalecimento do caixa do Estado. Então eu acho que foi um ano muito positivo, mas você me perguntou de 2024, né? 

HL: É interessante isso, não é, porque, assim, você tem que performar em cima de um resultado já muito bom e se isso é possível, né? A gente está numa retomada da economia, juros menores, a Taxa Selic abaixando se Deus quiser para um índice mais aceitável, para ter um custo do dinheiro melhor para as pessoas fazerem mais financiamento, até irem mais ao BDMG. Então eu acho que é uma coisa que tem que ser feita, não é? 

GV: Como 2023 foi muito bom, superar 2023 seria um desafio, mas eu trago uma boa notícia. No primeiro trimestre, que nós fechamos agora recentemente, a gente cresceu em relação ao mesmo período do ano passado. Isso é extremamente positivo, porque a gente está crescendo em cima de bases cada vez maiores. Para você ter uma ideia do crescimento que nos deixou muito satisfeitos, Helenice, em prefeituras nós crescemos 58% dos nossos empréstimos em relação ao ano passado. Na micro e pequena empresa nós crescemos 35%. São dois setores que nós temos um cuidado muito especial. 

HL: São os principais, né? Que mantém o banco. 

GV: Porque as prefeituras, a vida acontece lá na prefeitura. Então nós temos que auxiliar nos projetos estruturantes daquelas prefeituras. Eu quero te dar um dado que eu acho que é extremamente importante: dos 853 municípios mineiros, Helenice, em 300 só o BDMG é fonte de financiamento bancário.  

HL: Nossa! A importância e o papel social do BDMG é infindável! 

GV: Eu diria que não é nem fundamental, é vital. Se não é a intervenção do BDMG nessas localidades, não há projetos estruturantes que se viabilizem. E quando eu falo de projetos estruturantes, eu estou falando de uma ponte que facilita a vida das pessoas, eu estou falando da construção de um posto de saúde que auxilia no bem-estar daquela comunidade, na reforma de uma escola… Então são projetos que tem, do ponto de vista de desenvolvimento, são sustentáveis, mas com justiça social. Eu incluiria aqui um fator que é fundamental. A gente tem que estar preocupado com o desenvolvimento sustentável e com justiça social. Ainda bem que nós não precisamos fazer escolhas, ainda, no BDMG, nós podemos atender a todos. Nós temos uma política um pouquinho mais agressiva com os municípios que têm IDH abaixo da média nacional, quer dizer, a gente acha que tem que apoiá-los mais, por isso as nossas linhas de crédito para esses municípios são com taxas mais competitivas, justamente para que eles tenham a capacidade de pagamento e possam fazer seus projetos. 

HL: E para estimular os municípios a procurarem o BDMG e saberem que vai ter fonte de investimento lá. 

GV: E a gente sempre que possível orienta “olha, façam as suas compras com os fornecedores locais, ajude a economia local a crescer”. Esse também é um trabalho importante, a gente empresta, a gente orienta e a gente acompanha a execução das obras. Então isso também é um papel importante. 

HL: Tem um pós-venda aí, né? Tem um acompanhamento, um monitoramento mesmo. 

GV: Para os projetos de prefeitura a gente faz um acompanhamento, e não é no sentido de fiscalização, é muito mais no sentido de orientação. 

HL: É uma parceria, é dar a mão, é falar assim “olha, a gente está aqui com vocês” para isso.  

GV: Helenice, lamentavelmente não são todas as prefeituras que têm estrutura para ter profissionais que tenham condição de fazer projetos, acompanhar projetos. A gente tem esse entendimento. 

HL: Ainda mais um Estado tão diversificado como Minas Gerais, têm Prefeituras de todo tamanho, de todo orçamento, de toda arrecadação, né. E o papel do BDMG também passa por aí, né, nesse cunho social e de dar todo esse suporte. 

GV: Não tenho a menor dúvida, Helenice. Essa é a nossa principal vocação, esse é o nosso principal objetivo. Isso dialoga perfeitamente com as políticas públicas. Nós somos um banco que não pode ter pauta própria, eu não tenho que decidir aqui qual é o modelo de desenvolvimento que nós vamos empreender, a gente segue as políticas de diretrizes que são dadas pelo nosso secretário de desenvolvimento econômico, Fernando Passaglio, que diga-se de passagem tem feito um trabalho excepcional de atração de investimentos, Minas hoje é recordista em atração de investimentos. Seguimos as orientações do nosso vice-governador, Mateus Simões, e do governador Romeu Zema. Ou seja, tem um alinhamento, um ajuste fino, com que se deseja desenvolvimento econômico. Nós executamos políticas públicas, porque não faz o menor sentido ter um banco estatal se não for para fazer execução de políticas públicas. Então as prefeituras eu acho que nós evoluímos nos últimos anos de forma muito acelerada. Se você me permitir passar alguns dados que eu acho relevantes. 

HL: Claro! É traduzir isso, não é. Como o banco chega a essas prefeituras e  consegue transformar um projeto em uma coisa prática, financiar um projeto que vai trazer mais desenvolvimento para a cidade. 

GV: Empréstimo para prefeitura é algo complexo, difícil e não é rápido, porque tem várias etapas, inclusive passar eventualmente pelo STN (Secretaria do Tesouro Nacional), então tem um fluxo que a gente procurou ao longo dos últimos 2 anos deixar o mais curto e fácil para as prefeituras. Então, eu diria assim, sem sombra de dúvidas, a estrutura de atendimento às prefeituras foi a que mais teve melhorias na estrutura do banco. Nós reestruturamos os processos, os produtos e as condições. Nossa agora passamos a dar adiantamentos que facilitam a vida deles. Então a gente fez várias melhorias que permitiram que a gente crescesse. Olha esse número que é extremamente importante: de 2022 para 2021, nós crescemos em empréstimos para as prefeituras 100%. 

HL: E por que você acha que aconteceu isso, Gabriel? No Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Foi um trabalho maior do BDMG de buscar as prefeituras e falar “gente, estamos aqui com um espaço para vocês, dando a mão para que vocês se desenvolvam junto com o Estado”. O que fez esse crescimento tão significativo? 

GV: Helenice, eu diria que grande parte desse sucesso se deve a equipe técnica do Banco. O time. Primeiro, porque tem capacidade técnica, e segundo, porque se apropriou de um projeto que nós temos de crescimento e de atendimento às prefeituras. Então as nossas equipes técnicas que são responsáveis pelo atendimento às prefeituras mudaram a sua forma de atendimento. Nós éramos um Banco reativo, ou seja, as prefeituras nos procuravam quando tinham demandas. Nós invertemos essa lógica. Agora somos nós que procuramos as prefeituras e verificamos quais são as demandas que elas têm. Não é trivial você subir o desembolso de um período para o outro em 100%.  

HL: Isso é quase impossível, é um trabalho árduo. 

GV: As equipes técnicas que fizeram toda a reestruturação dos nossos departamentos que atendem adequaram os produtos, e a gente reforçou, logicamente, o time. Então eu acho que esse sucesso se deve primeiro a um planejamento muito bem feito, a uma definição de objetivo muito bem feita, e uma execução muito bem feita. E de 2023, agora que nós fechamos, nós subimos 89% em relação a 2022 que já era uma base maior. Para 2024 a gente continua com uma expectativa muito positiva, nós subimos no primeiro trimestre 58%. Então em prefeituras, como diz o nosso Governador, “colocamos no trilho o trem e agora estamos empurrando com mais velocidade”. Então eu vejo que aqui o trabalho agora é um trabalho permanente de crescimento . 

HL: São 853 municípios (em Minas Gerais). Você acha que o BDMG pode chegar a mais municípios além desses 300, Gabriel? O que é preciso agora nessa prospecção de mercado, digamos assim, né? 

GV: Nós estamos avançando. A gente a cada ano aumenta a quantidade de municípios.  Uma coisa importante para isso é a gente ter fonte de financiamento adequada. Uma das estratégias que a gente colocou, Helenice, é buscar recursos adequados aos projetos das prefeituras. 

HL: Porque precisa ter um juro também compatível, né, Gabriel? 

GV: Não adianta você oferecer um crédito com juro caro, sem carência, com prazo inadequado, que não vai funcionar. Então esse é um trabalho que está sendo feito pela nossa diretoria financeira de buscar principalmente, Helenice, e esse foi um trabalho que foi muito bem feito pelo nosso diretor Edmilson Gama, em buscar recursos externos através dos multilaterais.  

HL: Procurando essa igualdade social mesmo, né? 

GV: Então foram R$600 milhões que nós aplicamos em energia que vai ter um efeito muito positivo a longo prazo. 

HL: A longo prazo vai só colocando Minas na dianteira da energia limpa, da sustentabilidade, daquela pauta ESG que o pessoal gosta de falar tanto, né? 

GV: Mas a gente aqui é pretensioso, tá? A gente quer aumentar, a gente quer evoluir, a gente quer atender cada vez mais prefeituras.  

HL:E, aí, Gabriel, o que o Banco está fazendo para chegar mais a essas prefeituras, a essas empresas? O pessoal do Banco vai lá nas cidades ou tem representantes das cidades, ou é tudo feito pelo computador? O que vocês estão fazendo para aumentar essa capilaridade, estar cada vez mais em municípios mineiros? 

GV: Ótima pergunta. Isso me dá a possibilidade de falar para o seu público que com as prefeituras nós temos alguns parceiros que são muito importantes, como a AMM, que é a Associação dos Municípios Mineiros. Ela tem uma possibilidade de chegar aos 853 municípios muito forte. Então a gente utiliza a AMM, a gente vai até as prefeituras também, nós BDMG, nós participamos de reuniões regionais. Então todas as possibilidades que nós temos de estar com os prefeitos, de estar com os gestores municipais, a gente utiliza. Mas eu diria que, com relação às prefeituras, não basta a gente dar o financiamento, não basta a gente oferecer o crédito, a gente percebeu ao longo desse período que a gente precisa capacitar os gestores públicos para que façam isso de forma mais fácil e mais célere. Concluímos agora muito recentemente um treinamento para 300 gestores municipais com o apoio da FD, onde a gente tratou principalmente de projetos sustentáveis. Então eu acho que isso também nos ajuda a levar essa mensagem para as prefeituras. Nosso objetivo finalístico é atender a todos os municípios de Minas Gerais. Logicamente que a gente tem uma jornada muito longa a percorrer, mas esse é o objetivo finalístico, isso eu posso te garantir. Então este é um ponto. Com as Micro e Pequenas Empresas, aqui a gente tem os nossos correspondentes bancários. Hoje eles são em torno de 600 e este é um trabalho que as nossas áreas têm procurado sempre incentivar. São os nossos braços. Como somos um Banco de Desenvolvimento e um Banco Estatal, não nos é permitido ter filiais ou agências. 

HL: Ah, não pode ter no interior, né, uma agência lá com a placa do BDMG. 

GV: Nós podemos ter somente a sede do banco, que obrigatoriamente tem que ser na capital do Estado. 

HL: Que é em Belo Horizonte, está aqui há 62 anos. 

GV: 62 anos de uma história linda. Recomendo que as pessoas conheçam um pouco os impactos que esse banco gerou ao longo desses 62 (anos) para a sociedade, inclusive em momentos de grandes dificuldades, nas chuvas o Banco entra de forma contracíclica emprestando para aqueles que foram atingidos, de forma muito barata. Então, assim, o Banco tem uma história muito bonita, Helenice. 

HL: É importantíssimo, sem ele muita coisa não teria sido feita em Minas Gerais. Sem um banco que se perenizou, né, ficar no mercado por tanto tempo assim não é fácil.  

GV: Então nós temos… os nossos braços são os nossos correspondentes bancários, e esse é um trabalho que a gente acompanha muito de perto, porque são eles que vão dar conhecimento para os pequenos empresários de todas as regiões de Minas que o BDMG quer atender, ele quer apoiar este micro e pequeno empreendedor. Logicamente que a gente tem as nossas divulgações, a gente tem as nossas redes sociais, mas hoje eu diria que quase 50%, 55% é atendido pelos correspondentes bancários e o restante pelas nossas plataformas digitais. Mas nós estamos em um trabalho de divulgação grande, porque eu quero que todo proprietário de pequeno negócio saiba que o BDMG tem oportunidade de crédito para ele.  

HL: Às vezes a pessoa é um empresário pequeno, e ele fala assim “ah não, coitado de mim, o Banco não vai aprovar uma linha para eu fazer essa inovação na minha empresa, para eu poder crescer mais, o que eu tenho para oferecer como garantia?”. Porque a gente sabe que o mercado financeiro sempre exige ali garantias. O que você tem a dizer para o pequeno empresário, para o médio, porque o grande já tem uma equipe preparada, de consultoria, para fazer todo esse trabalho. Agora o pequeno não tem, ele está crescendo ainda, o médio também às vezes tem que investir em outras coisas. 

GV: Helenice, nós temos um crédito totalmente digital para o micro e pequeno empreendedor. 

HL: O que é um crédito digital? 

GV: Ele vai entrar na nossa plataforma, no nosso site, vai preencher os dados que são pedidos lá, vai enviar isso para o banco, tudo digitalmente, vai ser feito uma análise, e em meia hora a gente responde para ele se o crédito foi aprovado, se não foi aprovado, e qual o valor, e se aprovado, e ele tiver o interesse, ele vai imprimir o contrato, vai assinar, anexar a documentação, mandar para o BDMG e em 5 dias o dinheiro está na conta. Nós temos milhares de casos em que a gente mudou a vida do pequeno empreendedor. Aquela dona de salão que queria aumentar o seu salão e teve o financiamento do BDMG, mudou a sua vida. 

HL: A fábrica de sapato que quer produzir sandália, diversificar o portfólio, não ficar dependendo só de um produto, consegue também, não é? 

GV: E para esse nós temos uma linha mais do que especial, que são as linhas de inovação. Na segunda-feira agora, por orientação do Governo, nós soltamos uma linha de R$300 milhões para inovação. Para você ter uma ideia do que isso significa, isso é 60% a mais do que nós fizemos em inovação desde 2019. Então se juntar tudo que nós fizemos, nós estamos disponibilizando uma linha que é 60% maior, porque eu acho que este é o momento da inovação. 

HL: O foco agora é estratégico. 

GV: Esse é o momento da inovação. Aquele empresário, de qualquer porte, que queira fazer melhorias nos seus produtos, nos seus processos, na tecnologia, enfim, aquilo que ele queira fazer, nós temos uma linha com condições muito especiais. 

HL: Juros, prazo de carência, prazo de pagamento, como é esse financiamento? 

GV: Nós temos prazos de 8 anos com 2 anos de carência, ou seja, tem 2 anos para começar a pagar. 

HL: Faz muita diferença, né. 

GV: É possível ele fazer a sua melhoria e só começar a pagar quando começar a faturar. Então ele tem esse fôlego. As taxas de juros, logicamente que tem uma variação…  

HL: Ela é de caso a caso? 

GV: Como são 15 linhas, no site tem isso de forma detalhada, todas elas são abaixo da Selic. 

HL: Ah, isso eu queria saber também, porque o grande impeditivo aí que a gente vê, que as pessoas falam “Banco? Impossível procurar Banco, porque você vai ficar sem ter como pagar depois”. E muita gente depois fica com problema, realmente, de inadimplência, mas nesse caso não, as taxas são abaixo, elas estão aí num percentual aceitável?  

GV: Helenice, todas as nossas taxas para inovação estão abaixo do custo de oportunidade que é a Selic.  

HL: Vamos, assim, traduzir isso para o pessoal não ficar com medo. 

GV: Se você pegar o dinheiro e aplicar ainda tem um resultado. Por isso que eu falo assim, é a bola da vez, é a inovação. Então eu convido a todos os empresários que conheçam, todos aqueles que tem um sonho, que tem um projeto, que queiram inovar, a gente alargou o conceito de inovação, não precisa ser uma coisa disruptiva, uma coisa absolutamente nova. 

HL: Que não tenha no mercado ainda, né? 

GV: Se for isso, está ótimo também, nós queremos fazer. Agora se não for, o exemplo que você bem deu, nós temos uma fábrica de tênis que quer abrir uma linha de sandália, isso é inovação para nós, para o BDMG é inovação. Nós vamos ter uma linha que vai ser enquadrada para esse empresário. Então eu digo para você, quem quer fazer alguma coisa nova na sua empresa, é inovação para o BDMG e nós vamos dar um jeito de enquadrar. Então acessem o nosso site e vejam todas as nossas informações. É muito fácil. Logicamente quando eu falo inovação, a gente está falando de avaliação de projeto, não é naquele tempo que eu te falei do digital. 

HL: É, vai ser avaliado. Quanto tempo mais ou menos… vocês já liberaram, já começou a ter empresa procurando, não é? Como você está pretendendo aí esse prazo? A pessoa tem que vir a Belo Horizonte se ela estiver no interior… 

GV: Ela vai mandar o projeto para nós, mas assim, vai depender muito das entradas que nós tivermos, ainda não dá para precisar um prazo, porque, diferentemente das plataformas que não tem intervenção humana, que é computador que faz, nos projetos de inovação tem a intervenção do analista. O analista precisa olhar, precisa avaliar, porque, gente, a gente vai viabilizar todos os projetos que tiverem impacto para a sociedade, isso para nós está claro. É nós estabelecermos uma linha de R$300 milhões, mas se isso, e eu quero que isso seja superado, nós vamos achar um jeito de não deixar nenhum empreendedor para fora, nós vamos colocar e vamos achar uma forma de dar uma linha de crédito, buscar outros recursos. Então a gente quer realmente fazer uma pequena revolução no setor produtivo mineiro.  

HL: Isso aí é muito importante que você falou, né, Gabriel, porque são R$300 milhões, mas caso haja uma avalanche, todo mundo querendo e sendo viável esses projetos que vocês vão fazer a pesquisa, né, para ver se ele é viável, a condição que a pessoa tem para pagar ali ao longo dos anos, vai ter mais dinheiro além desses R$300 milhões se eles acabarem rapidamente? 

GV: Olha, esse é um problema que eu quero ter com absoluta certeza. Esse é um problema bom, como a gente diz, né, porque significa que a gente está fazendo a coisa certa. Certamente nós temos parceiros importantes, nós temos bons relacionamentos, o BDMG tem muita credibilidade com as contrapartes, certamente a gente vai achar uma forma de não deixar o sonho, o projeto desse empreendedor não ser realizado. 

HL: Esses recursos vem de onde?  

GV: Nós temos algumas fontes de recursos. São três, basicamente, mas eu gostaria de destacar duas, que ao meu ver são as duas que tem mais aderência e que tem mais competitividade: uma é o recurso da Fapemig, que é o Fundo de Amparo que inclusive é do Pró-Inovação, que é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Então este é um recurso que nós temos, e esse sim para projetos que são mais disruptivos, e para todos os portes, de R$150 mil a  R$ 30 milhões. Eu já vou te dizer, esse recurso está praticamente esgotado. Nós temos pipelines já na empresa que possivelmente a gente vai ter que pedir suplementação e isso é um problema ótimo. 

HL: Mas não vai faltar, né, é importante a gente falar aqui para o empresário, para a prefeitura, que vai ter outra rodada de investimentos. 

GV: Nós temos outros fornecedores. Nós temos a Finep, que é a financiadora do Governo Federal, que nós temos também um bom limite lá. Esse que eu falei para você, a gente alargou o conceito de inovação para compra de máquinas. 

HL: Democratizou, né, o investimento em inovação. 

GV: Mas logicamente que o equipamento tem que estar registrado como difusor de inovação pelo fabricante, aí é possível enquadrar e fazer o financiamento, mas é um espectro enorme de possibilidades, enorme. A gente não quis deixar nada de fora, Helenice, justamente porque a gente quer fazer com que o nosso setor produtivo seja movimentado para que fique mais competitivo, para que gere mais emprego. 

HL: Que mais gente queira vir para Minas Gerais, mais empresas queiram, um ambiente de negócios bem inovador. 

GV: Eu diria para você, e eu acho com certeza, não tenho medo de afirmar isso, hoje Minas Gerais é o melhor ambiente de negócios do Brasil, não tenho a menor dúvida. Nós temos gente capacitada, nós temos tecnologia, nós temos um Governo amigável que entende a dor do empresário, nós temos o BDMG que pode financiar. 

HL: E sem burocracia, né? 

GV: Nós temos o conjunto das estatais atuando para melhorar a estrutura do Estado. Então, realmente Minas passa por um ciclo virtuoso nos últimos anos que vai favorecer muito esse cenário futuro, e a gente surfa nisso, né. Minas de forma recorrente tem crescido mais do que a média nacional e não é por acaso.  

HL: A gente vê o resultado do PIB aí, né. 

GV: E não é por acaso. Recentemente o nosso Governador, junto com o vice, professor Mateus, e junto com o nosso secretário, Fernando Passaglio, anunciaram um marco histórico, R$1 trilhão de PIB. Isso é algo de se comemorar muito. 

HL: E isso chama mais investimentos e mais trabalho para o BDMG também, em Gabriel, problema bom! (risos) 

GV: Problema bom. Logicamente que as nossas estruturas não crescem na mesma velocidade das nossas ambições, por isso que a gente triplicou o nosso orçamento em tecnologia. Nós vamos ganhar escala através da tecnologia, nós vamos tornar o nosso Banco cada vez mais eficiente. Ele já é um Banco bastante eficiente se comparado aos pares, mas a pretensão aqui é ganhar muita escala, e para ganhar muita escala a gente vai precisar de tecnologia. 

HL: Como você quer que o Banco fique conhecido e reconhecido em todo o Estado? É BDMG, o Banco da tecnologia? O Banco que apoia a inovação? Você tem alguma coisa assim de um legado seu para estar ajudando cada vez mais tanto o setor produtivo privado quanto as prefeituras? 

GV: Se eu pudesse, eu escolheria que é “O maior e melhor parceiro do empresário mineiro”. É assim que eu gostaria que o BDMG ficasse conhecido, porque ele já é, mas ele precisa ficar conhecido.  

HL: O desafio é esse, né? 

GV: Esse é o desafio, ficar conhecido. O nosso propósito é muito nobre, eu falei para você, o nosso propósito é ajudar o empresário mineiro, não é ganhar margem. Por isso que o nosso trabalho é ir lá fora buscar o melhor recurso para trazer aqui para Minas Gerais, porque a gente só tem um Banco, um só, que garante que todos os recursos que ele obtiver vão ser aplicados aqui em Minas Gerais, e esse Banco se chama BDMG. Por isso que todo empresariado precisa ter essa sensibilidade e ajudar a fortalecer o Banco. 

HL: Não vai ser para o acionista, não vai ser para dividendos, pagar dividendos, não vai ser para caixa único do Governo, é para voltar para o empresário e para o setor público, não é? 

GV: Tem uma lógica nisso, porque a gente fez um projeto de crescimento? Não é um fim em si mesmo. O projeto de crescimento é para crescer e gerar mais impacto. 

HL: Não é para dar lucro para o Banco. 

GV: Se você pegar a história pregressa aqui dos últimos anos, o Banco vem fazendo um belíssimo trabalho, mas sempre do mesmo tamanho. Quando você fica do mesmo tamanho, você gera o mesmo impacto. Então quando a gente lá no segundo semestre de 2022, junto com o nosso querido Marcelo Bomfim, a gente estabeleceu “esse Banco agora tem que ter a vocação do crescimento”. 

HL: É, mas para crescer ele tem que ter bases sólidas, e o Banco tem. 

GV: Tem. Nós fizemos um estudo muito profundo pelas áreas técnicas do Banco, foi definido que a gente ia crescer ao longo dos anos, e o mais legal de tudo isso, como foi construído com a casa, a casa se apropriou desse projeto. Hoje o que eu sinto é todos os funcionários do Banco apoiando esse projeto de crescimento. 

HL: Você tem quantos funcionários? 

GV: Nós somos em torno de 550 funcionários, com alguma variação para cima ou para baixo, é uma estrutura bem pequena, mas que faz um trabalho gigantesco.  

HL: E qual é esse masterplan aí? Digamos assim, você pode falar alguma coisa? Como você está prevendo esse ano a ano aí, esses próximos anos? O que já está no Banco e o que você quer avançar? 

GV: Helenice, mais do que número, é importante a gente falar de conceito. Do ponto de vista conceitual, qual que é o crescimento? Impactar mais a sociedade. Nós queremos, cada vez, gerar mais emprego, apoiar mais, esse é o objetivo. O que a gente faz não é fim, é meio. Eu falo lá para nossa turma assim “o que a gente está fazendo aqui é meio, porque a nossa vocação, e o nosso objetivo principal, é com o bem-estar da sociedade mineira, é com o bem-estar do empresariado mineiro, é neles que a gente tem que focar”. Então tudo que a gente faz aqui é nesse sentido. E como eu disse, o mais legal é que realmente a casa se apropriou disso, e é impressionante como, ao se apropriar disso, a execução fica mais fácil. O que eu posso te dizer é que foi feito um planejamento muito robusto, a execução está sendo acompanhada de forma muito próxima e os resultados têm nos surpreendido positivamente. Então eu estou muito satisfeito com o que está acontecendo.  

HL: Tem algum setor específico que vocês estão vendo mais potencial do que outros setores? Ou não, não tem isso no BDMG, o que tiver de procura e o que vocês encontrarem vocês estão fazendo? 

GV: Helenice, o bom é que a gente não precisa fazer escolhas. Nós temos capital para crescer sem fazer escolhas, porque se eu tivesse alguma limitação… 

HL: Você ia focar em algum setor, não é? 

GV: Eu diria assim para você, se nós tivéssemos limitação, a escolha, para mim, teria que ser para aqueles que mais precisam de apoio, micro e pequenos empresários, prefeituras, mas nós não precisamos fazer essas escolhas. A gente está atendendo o médio e o grande, estamos crescendo no médio e no grande que também são geradores, são indutores de progresso. 

HL: Geram cadeias longas de fornecedores também, a gente não pode esquecer isso, né? São cadeias definitivas que mudam totalmente a estrutura das cidades, incrível isso, quando a gente olha. 

GV: Mas como eu te disse, logicamente, se tiver que escolher, aquelas prefeituras com IDH abaixo da média, são aqueles 300 que só nós atendemos, esses tem que ter um olhar mais sensível, tem que ter um apoio mais próximo. Os micro e pequenos empresários também precisam de um apoio maior. Eu recebi uma orientação do Governo de que olhe com muito carinho para prefeituras e MPE’s, que são micro e pequenos empresários. 

HL: Que são, assim, os que mais precisam. 

GV: Mas estamos crescendo também de forma robusta nas médias e grandes empresas, que fazem também esse Estado. 

HL: O esqueleto todo dele, o alicerce todo dele está nessa diversidade de empresas. 

GV: Só que para este público a gente qualificou os nossos empréstimos, é para investimentos, não é para o giro, que esse ele tem condições de ver outras fontes de recursos, outras fontes de financiamento, mas para investimentos, isso nós estamos estreando pesado e estamos crescendo. Nós crescemos em investimento, nos últimos meses, 74%. Então hoje a gente vê que no futuro vai ser um banco de financiamento em investimentos. 

HL: Você está estimulando uma coisa que às vezes o empresário não via que tinha a necessidade de investir naquilo. Ele ficava só preocupado com o capital de giro, de ter dinheiro no caixa ali para ele reinvestir, mas não adianta, né, ele só vai ter dinheiro no caixa se ele tiver uma empresa inovadora que está na vanguarda, à frente. 

GV: E a gente tem financiado coisas que tem me deixado assim… são coisas que realmente… 

HL: Ah, conta para a gente! 

GV: Ontem mesmo eu estava conversando com o da cadeia do cacau, que é uma novidade que a gente vai produzir. 

HL: Você vê que Minas não tem essa tradição ainda, né. 

GV: E vai ser tudo processado em Minas Gerais, a gente vai financiar essa inovação. São transformações… o café, hoje, nós somos o maior distribuidor do Funcafé. Para você ter uma ideia, nós recebemos do Funcafé o mesmo volume que o Itaú recebe. Nas linhas em que nós podemos atuar, nós somos líderes no Funcafé. Logicamente, o Estado de Minas se fosse um país já seria um líder em produção de café. Então eu diria para você, o que é importante para Minas tem que ser importante para o BDMG. Agro! Agro é importante para Minas. 

HL: O setor agropecuário é um terço do PIB de Minas.  

GV: Inclusive eu estou indo amanhã no Mapa, no Ministério, pedir mais recursos. Nós tivemos um aumento do repasse do Mapa de 1000%. Da safra de 2023 para a anterior de 1000%. 

HL: Dada a importância de Minas, né? 

GV: Então, assim, logicamente que a gente não empresta diretamente para o produtor, porque a gente não pode. A gente empresta para as cooperativas que distribuem para os seus cooperados. Então a gente é importante também, agro é importante. Café, leite… 

HL: E o café o pessoal fala “ah, é commoditie”, mas dá para caminhar também. Tendo recursos para investir em inovação, pode começar também outras formas, não somente exportando lá para o pessoal de fora voltar com o café para cá em cápsulas, em um café gourmet, né? Então dá.  

GV: Vamos esticar essa cadeia aqui em Minas Gerais. 

HL: Ela vai criar mais empregos ainda, mais renda, não é? 

GV: Agora, nós temos uma pauta de sustentabilidade que é protagonista também. Inclusive, nós nos associamos à Embrapa e fizemos um curso de novas formas, de uma agricultura mais verde. Nós treinamos 400 e poucos técnicos e profissionais da área para a questão da remineralização, enfim, ter uma inversão e uma agricultura mais sustentável. Então a gente tem essa preocupação também.  

HL: De financiar também esses projetos.  

GV: E quando eu falo em sustentabilidade, Helenice, a gente tem que dar o exemplo. E o Banco já pelo oitavo ano é selo ouro, nós fazemos os nossos inventários de emissão de gases de efeito estufa e nós somos premiados pela qualidade desse inventário.  

HL: Ele está ajudando a descarbonizar também. 

GV: A partir do ano passado a gente começou a fazer a compensação das nossas emissões. Já era importante fazer o inventário do que a nossa sede gera de gases de efeito estufa, agora nós estamos fazendo a compensação. No ano passado nós plantamos 1.200 árvores. 

HL: E vai só aumentando, né? 

GV: Só vai aumentando, todo ano nós vamos fazer. 

HL: Isso é um desafio para o mercado financeiro, isso não é muito falado, né? Por Bancos, assim. 

GV: Essa é uma pauta que eu diria para você que está tomando um corpo que não tem mais volta. Os grandes bancos estão muito preocupados com isso, tem feito um trabalho também elogiável nesse sentido, até porque eu diria, a empresa que não tiver essa pauta, essa preocupação, está fadada ao insucesso, seguramente. Então tem que ter uma preocupação com a sustentabilidade e a gente quer ser exemplo, e para ser exemplo nós precisamos fazer a nossa lição de casa e estamos fazendo. 

HL: É, porque financiam projetos de sustentabilidade, mas o exemplo vem de casa. Não é “casa de ferreiro, espeto de pau”. (risos) 

GV: De forma alguma. 

HL: O Banco também está com a “corda toda”, né? Um grau de investimento, está com uma imagem junto ao investidor muito boa. O que significa isso quando você fala “ah o nosso rating, a nossa nota de crédito chegou ao ar, somos bons pagadores, bons investidores”. Traduz isso para o pessoal saber também que pode confiar no BDMG, porque ele tem lastro. 

GV: Isso, exatamente. Ano passado, em novembro, nós tivemos pelas duas principais empresas de eleitos mundial, que é a S&P e Moody's, a elevação da nossa nota para A. Isso é extremamente importante, porque pela avaliação deles, que são extremamente criteriosos, o Banco é um bom pagador. O que significa isso, Helenice? É que quando a gente vai tomar recursos fora (do país), externamente com as contrapartes, com os multilaterais, o custo diminui em função dessa nota. Então quanto melhor nós tivermos classificados, melhores serão as condições de financiamento que nós receberemos. 

HL: Vem um dinheiro mais barato, que vocês podem emprestar também mais barato. 

GV: Eu estou falando isso, recursos externos e internos, porque a gente tem uma captação interna também bastante grande. Nós temos hoje 22 plataformas que distribuem os nossos produtos, os nossos CDB’s, a gente emite CDB. Então uma fonte da gente captar é distribuída por 22 operadores, grandes players do mercado. Então, ao ter uma nota melhorada, o nosso custo diminui. Ao diminuir o nosso custo, nós conseguimos emprestar mais barato. 

HL: Ao emprestar mais barato, chega para mais gente. 

GV: Chega para mais gente. Então por isso que é importante. E logicamente que essa elevação da nota é fruto do trabalho de alguns anos, porque eles olham lá o nosso Índice de Basileia.  

HL: Que é do Banco Central, né, que ele exige. 

GV: Que tem assim, é uma avaliação do capital do banco, da robustez do capital. Ela olha os nossos índices de liquidez, o recurso que eu tenho para fazer frente aos nossos pagamentos. 

HL: Se o Banco vai conseguir pagar tudo aquilo ali que ele tá emprestando. 

GV: Exatamente. Ela olha os nossos índices de inadimplência.  

HL: Para não quebrar, né? (risos) 

GV: E eu queria te dizer que nesses três índices nós estamos muito bem. Para você ter uma ideia, o regulador, que é o Banco Central, exige um Índice de Basileia de 11, o nosso está em 23, muito acima. No índice de liquidez nós estamos muito bem. O nosso índice de inadimplência 0.9% é uma coisa muito baixa, mas eles não olham só isso. Eles olham o currículo da alta administração, dos conselhos de administração, dos comitês, e governança é uma coisa que a gente teve uma preocupação também muito especial. Nós, hoje, temos uma governança que é acima do que o regulador pede para nós. 

HL: O que isso significa? 

GV: Significa dizer o seguinte, nós somos um Banco que se chama S3, são classificações de Bancos dependendo do seu porte. Os grandes Bancos são S1, os médios são S2 e nós somos S3. Para cada tipo de porte de banco eles exigem uma governança, que são os comitês de auditoria, os comitês de risco de capital, conselhos de administração. Nós temos alguns conselhos que atendem S1. Então isso também é muito bem visto pelas empresas de rede. 

HL: É lupa, né? Que eles vão olhando. 

GV: Eles falam assim “se a alta administração tem uma preocupação com governança, isso significa que o Banco está bem gerido”. Então isso é muito importante. 

HL: E Banco bem gerido a gente sabe aonde que vai dar, só crescimento. 

GV: Nós temos o nosso Conselho de Administração, que são todas pessoas que conhecem. Nós temos o nosso Comitê de Auditoria, que são todos externos. Nós temos o nosso Comitê de Risco de Capital, que são todos profissionais externos, não precisaria ser, pela legislação, poderiam ser gente da casa, mas nós entendemos que queríamos buscar profissionais de fora para dar uma visão externa, para ver se realmente nós estamos fazendo as coisas certas. Nós temos os comitês internos, que são os comitês técnicos, comitês temáticos, então tem uma governança muito robusta no Banco, por isso que a gente tem muita confiança no futuro dessa organização.  

HL: Sabe que dá para avançar muito né, Gabriel. 

GV: Sabe, sabe. Eu digo assim, do ponto de vista estrutural nós estamos preparados para o crescimento. 

HL: Gabriel, ouvindo você aqui falar de tudo isso, eu reparo que você tem um discurso muito otimista, de muita confiança no futuro, e que dá para fazer muito mais do que já está sendo feito. Essa confiança está baseada num ambiente de negócios do Estado, no ambiente do país de inflação, taxa de juros abaixando, no time do banco, ou é um cipoal, digamos assim, de todos esses fatores?   

GV: Helenice, você já deu a resposta (risos).  

HL: (risos) Mistura tudo! 

GV: Você perguntou e já deu a resposta. Assim, eu estou realmente muito otimista. Primeiro que a gente está vivendo um ciclo positivo do BDMG e um ciclo positivo do Estado. Estado crescendo, taxa de juros caindo, o que significa dizer que os investidores, os empreendedores, os empresários, se sentirão mais incentivados a desengavetar os seus projetos para colocar em ordem. Então nós temos um Governo que torna o ambiente de negócios muito amigável, nós temos um cenário de taxas de juros decrescente, que favorece a economia, pelo menos essa é a história, e nós temos hoje todos os indicadores do Banco que nos permitem crescer. Então eu estou realmente muito otimista, mas eu te digo o seguinte: independente das externalidades, eu com 40 anos de mercado financeiro eu vi as coisas muito boas, de repente mais ou menos, a gente nunca sabe o futuro próximo, mas independente das externalidades, nós vamos fazer aquilo que precisa ser feito. O cenário externo pode nos ajudar ou pode nos atrapalhar um pouco, mas a nossa vocação e a nossa obsessão pelo crescimento não vai mudar. 

HL: Não é perder esse foco. 

GV: Não é perder esse foco. Eu vou te dar um exemplo prático de como é que isso funciona. Em janeiro de 2023, como sempre eu estava muito otimista, veio o caso Americanas, logo no primeiro trimestre do ano, aquilo bagunçou o cenário de crédito.  

HL: O pessoal acha que não, né, mas aquilo deu uma crise de credibilidade. 

GV: Eu conversei com vários colegas de outros Bancos, todos muito preocupados com o cenário de crédito. Chegamos ao final do ano, batemos recordes, não houve nenhum problema. Por isso que eu falo assim, a gente não decide a direção do vento, mas a gente pode ajustar as velas conforme ele muda. E é isso que a gente vai fazer ao longo de 2024. Os astros estão alinhados, mas se porventura eles desalinharem a gente vai ajustar. 

HL: E já tivemos isso, né? Veio uma pandemia que ninguém esperava e o Banco se saiu muito bem, se reinventou na digitalização total, né? Eu lembro das pessoas falando “não, a gente resolve tudo rápido lá”. 

GV: Então o objetivo final vai ser atingido. 

HL: Crises virão. Você então sabe melhor do que todo mundo nesses 40 anos, né? 

GV: A gente sempre saiu mais forte. Então, assim, eu não tenho dúvida. Hoje o ambiente é muito favorável.  

HL: Banco quebrando lá nos Estados Unidos, lembra? O Lehman Brothers, e a gente aqui bem por causa do Índice de Basileia, por causa da centralização do Banco Central, tomando conta de tudo e saímos, né? 

GV: Uma coisa que favorece muito é o apoio que a gente tem recebido do Governo. 

HL: Isso é essencial, né? Se ele não acreditar no próprio Banco que ele tem, não dá! 

GV: O apoio que a gente está recebendo do Governo, aqui em especial do nosso secretário, Fernando Passaglio, do vice-governador, Professor Mateus, e do Governador Zema têm sido fundamentais.   

HL: Que é a mensagem de credibilidade, de confiança no que o Banco pode avançar, não é? 

GV: Eles têm sido muito próximos no sentido de nos dar as diretrizes, nos dar os direcionamentos, e eu acho que a gente tem feito uma boa execução. Então eu estou realmente, como você disse, eu estou otimista. 

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