OPERAÇÃO DI@ANA

‘Esperança’: deputadas comemoram prisão de suspeito de liderar ameaças de morte e estupro contra elas

Principal investigado de fazer ameaças contra as deputadas estaduais Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT) foi preso nesta terça-feira (7)

Por Mariana Cavalcanti
Publicado em 07 de maio de 2024 | 13:57
 
 
 
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As deputadas estaduais vítimas de ameaças de morte e estupro corretivo comemoraram, por meio de uma nota conjunta, a prisão de um dos principais suspeitos de liderar os ataques cibernéticos contra elas. Conhecido na internet como “Leon”, o suspeito teria sido responsável por organizar fóruns na internet onde instigava as ameaças. 

“Recebemos com esperança a notícia da prisão do principal investigado pelas ameaças de estupro, morte e violências diversas contra nós, nossa equipe e nossas famílias. Ainda há muito a caminhar para uma Minas Gerais segura para todas as mineiras, mas hoje avançamos ao mostrar que, mesmo demorada, a justiça acontece. Seguimos em luta e trabalho pela construção de um Estado digno e seguro para todas as mulheres. O resultado das investigações mostra que sempre fizemos certo ao seguirmos firmes na luta, ao não nos deixarmos paralisar pelas ameaças e pela violência. Só assim seguiremos mudando a realidade das mulheres!”, escreveram as deputadas Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT).

As parlamentares também comentaram sobre o assunto pelas redes sociais. No X (antigo Twitter), Bella Gonçalves afirmou estar “muito emocionada” com a prisão do suspeito, e relembrou os meses que precisou de escolta policial:

“Nesses últimos meses vivi sob escolta policial, tive que mudar de casa, de rotina, enquanto recebia uma ameaça aterrorizante por semana. Só por ser mulher na política. Aprendi que a extrema-direita se organiza em um campo sombrio e criminoso da internet e se regozija com a dor e sofrimento que causam as mulheres. Nem eu sabia que tinha tanta força para seguir com coragem lutando pelo que eu acredito diante das adversidades. Superei o medo, a ansiedade, a revolta e não deixei que apagassem meu brilho. Sinto que estou pronta para qualquer desafio”, publicou a deputada, que também agradeceu o apoio do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB) e da companheira Moara Saboia, que é vereadora de Contagem. 

Já Lohanna França compartilhou, no Instagram, um vídeo comentando a prisão do suspeito. Ela aproveitou para agradecer ao Ministério Público e Polícia Civil, e aos policiais militares que fizeram a escolta dela nos últimos meses:

“Foram meses muitos difíceis para todas nos, até porque as ameaças não pararam, a gente só parou de divulgar. [...] Eu quero deixar um braço carinhoso aos policiais que nos acompanharam neste período e garantiram que eu tivesse coragem de trabalhar com cabeça erguida e com menos medo”. 

À TV Assembleia, a deputada estadual Beatriz Cerqueira contou sobre as dificuldades dos últimos meses com as ameaças e agradeceu o apoio especial da deputada Lohanna. Segundo ela, a colega do PV foi quem a instigou a dar continuidade às denúncias, sem deixar que os ataques fossem "normalizados":

"Tenho um sentindo de alívio porque é uma reposta importante para a sociedade. Quem acompanhou o nosso dia a dia viu que foi um processo difícil e doloroso. Eu queria agradecer à deputada Lohanna, que a forma como ela atuou nos encorajou a não normalizar a violência. Agradecer ao presidente da Casa, o deputado Tadeu, porque a partir da liderança dele uma força tarefa foi organizada. E quero agradecer o conjunto dos deputados por ter aprovado a lei sobre violência politica de gênero".

Investigações

No final de 2023, diversas políticas mineiras denunciaram uma série de ameaças de morte e estrupo corretivo na internet. O principal suspeito de fazer as ameaças foi preso preventivamente na manhã desta terça-feira (7), em Olinda, cidade do Pernambuco, e é acusado de ter criado e liderado fóruns da internet que compartilhavam conteúdos de incitação à violência, pedofilia e necrofilia, com imagens de estupros, assassinatos, mutilações e exploração sexual infantil.

O suspeito será transferido para o sistema prisional de Minas Gerais para responder ao processo. O nome da operação, "Di@na", tem inspiração na deusa Diana da mitologia romana, associada à proteção das mulheres e crianças, enquanto o "@" faz referência aos crimes cibernéticos investigados.

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