Agilidade x Condições dos Veículos

Move Metropolitano faz 10 anos dividindo opiniões de usuários sobre qualidade

Inaugurado em 2014 com a promessa de garantir mais conforto e agilidade para os usuários do serviço, o modelo atende, atualmente, 14 cidades da região metropolitana

Por Bruno Daniel
Publicado em 26 de abril de 2024 | 09:23
 
 
 
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O Move Metropolitano completa dez anos nesta sexta-feira (26 de abril). Inaugurado em 2014 com a promessa de garantir mais conforto e agilidade para os usuários do serviço, o modelo atende, atualmente, 14 cidades da região metropolitana de Belo Horizonte. Uma década após a implantação, passageiros reconhecem uma maior "praticidade nos deslocamentos", mas pedem soluções em problemas que, segundo eles, são rotineiros. 

"É muito importante ter o Move, principalmente esse que sai daqui da estação Eldorado e vai para a Vilarinho. Sem ele, eu teria que ir para o centro, e gastaria até R$ 3 a mais do que gasto por dia com o Move", comenta o estudante de Educação Física Lucas Damasceno, de 20 anos. Ele mora em Contagem e utiliza os ônibus metropolitanos para se deslocar até a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na região da Pampulha. 

Um benefício reconhecido pelo esteticista Bruno Antônio Santos, de 28, que utiliza os ônibus para se deslocar ao trabalho, no bairro São Francisco, na capital. "Ele consegue fazer a travessia da cidade mais rápido, pois vai pelo Anel Rodoviário. Se não fosse o Move, eu teria que ir de Uber ou de carro. De metrô não tem como. O Uber é muito caro e a gasolina também", pontua.

Apesar dos benefícios, Lucas e Bruno cobram por melhorias no serviço. A principal queixa dos passageiros é o intervalo entre as viagens dos coletivos, que costuma ser de 30 minutos."É bastante complicado, sem falar dos atrasos. Já fiquei mais de uma hora na Pampulha esperando o Move Metropolitano para voltar para casa. No fim de semana, o intervalo é ainda mais esticado. Pode chegar a uma hora", lamenta o estudante Lucas Damasceno, que não avalia que o preço da passagem não é condizente com o serviço oferecido.

O esteticista automotivo Bruno Antônio também aponta a necessidade de melhorias na organização do quadro de horários. "Você nunca sabe o horário exato em que ele (ônibus) vai passar. É uma guerra todo dia. A gente tem que sair de casa muito mais cedo para chegar no serviço no horário", afirma.

Para o pedreiro Itamar da Rocha, de 58, morador da cidade de Ibirité, um outro problema é o estado de conservação dos coletivos. "Tem uma 'bateção' dentro do ônibus, parecendo que está tudo solto. Ônibus lotado e a porta mal fechada. Se alguém forçar um pouco, ela acaba de abrir e a pessoa cai", alerta o passageiro, que utiliza o Move para se deslocar até o bairro Coração Eucarístico, em Belo Horizonte.

Outro fator negativo apontado por ele é o comportamento dos motoristas. "Ao invés de parar no local, que é a obrigação, quando param uns quatro ou cinco ônibus ao mesmo tempo, ele passa por trás dos outros e vai embora", orienta.

Para o especialista em trânsito e professor no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) Agmar Bento, a implantação do Move trouxe mais segurança e conforto para os usuários do transporte coletivo. "Os níveis aumentaram de forma geral. Você acaba segregando o trânsito e isso causa menos acidentes", avaliou.

O especialista em segurança do trânsito, Rodrigo Mendes, pontua que o Move foi importante para a integração da região Norte metropolitana. Ela ressalta, no entanto, que ainda é preciso melhorias. “O Move Metropolitano conseguiu fazer a integração entre as linhas, utilizando os corredores. Mas a qualidade dos veículos está cada dia pior. O valor da passagem é alto, apesar da integração. Isso pesa no bolso do trabalhador e o empregador acaba onerado”, avalia. 

O especialista aponta quais melhorias o sistema deve priorizar nos próximos anos. “Aumentar as linhas, porque hoje é muito concentrado na região Norte, então precisa ir para Sarzedo e Ibirité, equilibrar o valor da tarifa e melhorar a qualidade do serviço prestado”, finaliza.

Procurada pela reportagem de O TEMPO, a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) não se manifestou sobre os problemas apresentados pelos passageiros. A matéria será atualizada caso receba algum posicionamento.

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